Brasil: Marina Silva, à terceira é de vez?

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2010, 2014 e, agora, 2018. Marina Silva já tinha anunciado a sua pré-candidatura às presidenciais do Brasil, mas espera-se que esta mulher, que sonhou ser freira e cujo primeiro trabalho foi como empregada doméstica, formalize finalmente a sua intenção este sábado, 4 de agosto.

E se a revista brasileira Época revela que a ambientalista, de 60 anos, se prepara para a mais solitária e cansada cruzada da sua história na corrida ao palácio do Planalto, a sondagem Confederação Nacional da Indústria/Ibope de 2 de agosto aponta-a como a maior herdeira (16%) dos votos do antigo chefe de Estado de Lula da Silva – condenado e preso no âmbito da investigação Lava Jato – e que dividiu as intenções de voto do país ao meio. Isto, claro, caso haja permissão para que este entre na corrida.

No entanto, apesar de poder vir a ganhar com a interdição de Lula, Marina Silva não consegue dar por garantida a conquista do poder máximo brasileiro. As sondagens apontam para um empate técnico com o polémico Jair Bolsonaro naquelas que são já consideradas as eleições mais difíceis do país da história recente.

Se Lula puder fazer-se ao caminho – e o PT deve quebrar essa tabu este sábado, 4 de agosto -, a mesma sondagem indica que ele vencerá o sufrágio de 7 de outubro. A confirmação legal que ditará se o ex-presidente pode ou não voltar à corrida ficará definida pelo Tribunal Superior Eleitoral até 15 de agosto.

Mas quem é Marina?

Há 30 anos na vida política e pela defesa dos valores ambientais desde sempre. Estes são dois factos que se colam à pela de Marina Silva. Uma luta que, em 2008, foi reconhecida internacionalmente e lhe valeu uma homenagem feita pelo Príncipe Filipe, duque de Edimburgo e marido da Rainha Isabel II, no Palácio Saint James, em Londres.

Hoje é evangélica, mais ainda rapariga Marina Silva pensou em ser freira. Oriunda de famílias humildes, o seu primeiro trabalho foi como empregada doméstica. Foi ministra do Ambiente do governo liderado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).

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A terceira candidata mais votada nas últimas eleições presidenciais no Brasil, tinha anunciado, a 2 de dezembro, que queria disputar o próximo escrutínio presidencial. Com esta decisão, esta política tencionava – como fez anteriormente – fazer tremer a presidência e a sociedade.

Esta dirigente do partido REDE Sustentabilidade, – que também foi mencionada no conturbado processo de corrupção que envolve a petrolífera estatal Petrobras e que ficou conhecido como Lava Jato -, deverá agora formalizar a intenção de voltar a disputar, pela terceira vez, o Palácio da Alvorada, a residência oficial, em Brasília.

Decisão sobre aborto tem de estar na mão popular

Esta alturaé uma em que a sociedade brasileira se divide em torno do aborto. A organização internacional Human Rights Watch (HRW) alerta para ameaças de ativistas pela descriminalização até às 12 semanas, e lembra o país que as leis em vigor são incompatíveis com as obrigações assumidas pelo país na área dos direitos humanos. Enquanto isso, Marina quer que a lei se mantenha, e a haver uma alteração só com consulta popular. “Um plebiscito”, avança.

“Não acho que um tema dessa complexidade, que envolve uma série de questões, de ordem ética, moral, de saúde pública, de ordem religiosa, deva ser decidido pelo Supremo”, afirmou em junho, numa entrevista à Globo News.

“Ainda que o Congresso tenha legitimidade para o fazer, em temas tão abrangentes, que envolvem questões de natureza de saúde pública, natureza ética, natureza filosófica e religiosa, é bom que se tenha o debate, não o embate. Eu sou contra, mas defendo o plebiscito”, declarou também à rede TV em junho.

Recorde-se que o aborto é ilegal no Brasil exceto em casos de violações, quando o procedimento é necessário para salvar a vida da gestante ou quando o feto sofre de anencefalia – um distúrbio cerebral congénito fatal.

Nas eleições presidenciais de 2010, a ambientalista conseguiu mais de 19% das intenções de voto, um resultado que iria melhorar quatro anos mais tarde, ao conquistar 22% dos votos.

Imagem: Facebook

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