Protestos. EUA querem expulsar Irão da comissão da ONU dedicada às mulheres

Protest outside Iranian Consulate in Istanbul following Mahsa Amini's death
Mulher protesta diante do Consulado Iraniano na Turquia após a morte de Mahsa Amini, iraniana de 22 anos detida pela polícia responsável por verificar as práticas de vestuário e que morreu sob custódia policial [Fotografia: EPA/ERDEM SAHIN]

Os Estados Unidos da América vão procurar expulsar o Irão da principal comissão da ONU sobre mulheres, pela sua “brutal” repressão dos protestos que abalam o país desde há semanas, anunciou a vice-presidente norte-americana.

Kamala Harris, a primeira mulher a chegar à vice-presidência, adiantou que os EUA vão trabalhar com os seus aliados para retirarem o Irão da Comissão da ONU sobre a Condição Jurídica e Social da Mulher, que é integrada por 45 Estados e para a qual os membros são eleitos por um período de quatro anos.

O Irão começou em março passado o seu mandado na Comissão, pelo que não passou nem sequer um ano. Harris, no seu comunicado, afirmou que o Irão não tem “capacidade” para participar na Comissão, devido ao desrespeito dos direitos das mulheres e à “brutal” repressão dos protestos que se seguiram à morte, em 16 de setembro, da jovem Mahsa Amini, que estava detida pela polícia sob o argumento de não ter o véu islâmico colocado devidamente.

Kamala Harris covid-19 vice presidência candidata EUA
Kamala Harris [Fotografia: EPA]
Os protestos têm sido protagonizados sobretudo por jovens e mulheres. No início os protestantes gritavam “Mulher! Vida! Liberdade!”, mas, com o aumento da repressão, que provocaram a morte de vários menores, o âmbito dos temas foi alargado, com os manifestantes a gritarem “Morte à República Islâmica!”!

Nos últimos dias, a repressão endureceu, em especial nas universidades, depois de a Guarda Revolucionária ter exigido, no sábado, o fim dos protestos.

A contestação já provocou a morte a pelo menos 108 pessoas e a detenção de outras 12.500, segundo a organização não-governamental Iran Human Rights, sedeada em Oslo.