Quase ¼ das mulheres que pediu baixa menstrual teve problemas com colegas ou chefes

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[Fotografia: Pexels/Karolina Gabrowska]

Oito em cada dez espanholas que, no último ano, pediram baixa menstrual por menstruações incapacitantes diz ter tido “uma experiência negativa” ao fazê-lo. Não porque não precisassem dela, muito pelo contrário, mas pela componente pejorativa com que estas mulheres ainda são olhadas no local de trabalho, provando que há um longo caminho cultural e social de compreensão face a quem padece desta realidade.

Entre os principais motivos pelos quais tiveram experiências negativas, 46% aponta ter-se sentido julgada no seu ambiente de trabalho e 22% teve problemas com chefes ou colegas”, revela um estudo levado a cabo em Espanha, por uma empresa que comercializa produtos de higiene íntima. Ora, contas feitas, quase ¼ de quem pediu esta licença de cinco dias – aprovada em Espanha na mesma altura em Portugal vetou o direito a três dias – foi olhada de lado pelos colegas no local de trabalho e sentiu-se incompreendida por quem a chefia.

De um outro ponto de vista, o estudo da Intimina, divulgado à boleia do Dia do Trabalhador, 1 de maio, indica que, “mencionando as mulheres que sofreram dores incapacitantes, mas que decidiram não pedir a baixa menstrual, 43% aponta como motivo principal evitar possíveis problemas no seu ambiente de trabalho. Para além disso, 46% sente que as suas dores não são levadas a sério”, refere em comunicado enviado às redações.

Por cá, a baixa por dores menstruais incapacitantes é possível mediante baixa passada por um ginecologista – quando os sintomas o justificam -, mas não existe regulamentação nesse sentido. “Em Portugal, há um longo caminho a fazer e este estudo feito em Espanha deve servir como aprendizagem para que a sensibilização da sociedade seja uma prioridade e um primeiro passo nesta evolução”, afirma a gerente de Desenvolvimento de Negócios na marca, Selina Giacuzzo, citada em comunicado.

De volta ao estudo que auscultou 702 mulheres espanholas no mês de março de 2024, este indica que “metade das mulheres (50%) acredita que a regulamentação deste tipo de baixas é positiva em termos de igualdade, mas mais de 70% delas acreditam que este tipo de licenças também pode resultar num novo motivo de discriminação laboral. Para além disso, é necessária uma maior sensibilização social, pois 67% das inquiridas acreditam que existe uma fraca aceitação da licença menstrual no país”, lê-se no documento.