Raparigas portuguesas participam menos que os rapazes na vida política juvenil, diz estudo

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[Fotografia: Pexels/Andrea Piacquadio]

Os valores, infelizmente, não surpreendem, por isso há muito caminho por fazer. É com este entendimento que o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Rui Oliveira, olha para as discrepâncias de género no estudo que avalia a participação dos jovens na política juvenil em Portugal.

De acordo o inquérito intitulado Participação política juvenil em Portugal: Resultados de um inquérito ‘online’ e de grupos de discussão com jovens, dos 931 jovens auscultados, 66,6% eram mulheres. Destas, 28,5% afirmou participar em associações. Dados que comparam com 31% de rapazes, dos quais 47,8% assumiu ter participação ativa em estruturas associativas de matriz política. “Creio que os homens participam mais no associativismo por se alicerçar num esquema muito estratificado e com modelos de participação instalados, chamar-lhe-ia culturas e questões que não promovem ambientes verdadeiramente inclusivos”, afirma Rui Oliveira ao Delas.pt, que vinca: “Temos de intensificar nesse sentido [da inclusão].”

Curiosamente, e olhando para associações ambientais, elas parecem estar bem mais presentes. Assim sendo, a que se deverá essa diferença? “Na questão ambiental estão mais presentes e isso tende a ser verdade. Na juventude estudantil, partidária e associativa tende a não ser verdade do que tenho visto e acompanhado. Creio que as organizações mais recentes têm estruturas menos enraizadas culturalmente. Nas outras organizações mais estratificadas – sendo e que são ecos do seu passado – podem ser reflexo de hábitos e formas de estar”.

“Gostava que tivéssemos um valor mais aproximado entre géneros e é um dever que a minha geração tem de trabalhar, dando oportunidade para que essa igualdade chegue”, afirma o presidente do CNJ.

Rui Oliveira considera que deve existir “mais conversa dentro das próprias organizações para que elas [as raparigas] consigam dar feedback do que pode ser melhorado e para que elas cheguem a posições de liderança e participem mais. É por ai que devemos caminhar”, refere.

O mesmo estudo desenvolvido por investigadores da Universidade Católica do Porto indica que eles debatem muito mais politica do que elas, 78,8% e 64,9%, respetivamente.

Esta análise, cujos resultados mais detalhados pode ler aqui, indica que 89,6% dos jovens já votaram em eleições, mas essa percentagem reduz-se significativamente no que se refere à militância partidária ou sindical, com apenas 17,5% filiados em partidos e 2,4% em sindicatos.

Segundo o estudo, num total de 931 jovens inquiridos, 89,6% declararam já ter votado “em algum momento da sua vida”.