Segundo filho piora mais a saúde mental da mãe do que a do pai

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[Fotografia: Shutterstock]

Ter ou não ter um segundo filho é tema que chega numa saída à noite a dois e entre a primeira e a segunda garrafa. E se o tema pode não começar em concórdia, acaba depois, claro em reconciliação, tornando efetivo o desejo que se teve naquela noite do casal. Esta é uma das primeiras conclusões de um estudo australiano que auscultou cerca de 20 mil jovens e adultos com mais de 16 anos e que os acompanhou quer no enamoramento, na decisão de constituir família e no propósito de a alargar ou não.

E se o primeiro detalhe foi apenas um dos muitos dados peculiares deste estudo levado a a cabo pela Household, Income and Labour Dynamics (Dinâmicas do Lar, Rendimentos e do Trabalho), na Austrália, certo é que a investigação tinha e tem o propósito de aferir da saúde mental dos progenitores aquando da chegada do segundo filho ao lar.

E as conclusões – apesar da alegria que uma criança sempre traz a uma família – podem não ser tão inspiradoras à primeira vista. Afinal, os analistas dizem que o mais novo de dois faz disparar a pressão do tempo e contribui para a deterioração da saúde mental dos pais, mas não de igual forma entre mães e pais.

O estudo (cuja síntese pode ler no original aqui) refere que “o incremento da pressão do tempo associado à chegada do segundo filho explica a degradação da saúde mental das mães”, lê-se no documento, que clama por maior apoio às progenitoras. O mesmo conclui que “as crianças têm um efeito mais forte sobre as progenitoras do que sobre os pais”.

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E se a investigação agora revelada fala em declínio da saúde mental e até afastamento do casal após a segunda gestação, a mesma refere também que, após a chegada do primeiro filho, a estabilidade psíquica materna mantém-se nos primeiros anos, melhorando nos seguintes.

Entidades australianas exploram possíveis consequências e soluções para diminuir este nível de impacto nos pais e, sobretudo, em mães. Segundo o jornal The Sidney Morning Herald, esta análise indica que as mães não podem continuar a suportar, na maioria a sós, a pressão do tempo, mesmo que reduzam o seu horário laboral.

Tratando-se de um stress crónico, as mulheres devem estar no topo das políticas da saúde para a saúde mental. Por fim, é preciso criar instituições e ferramentas com as quais as mães partilhem os cuidados como, por exemplo, o regresso dos autocarros às escolas, programas de almoço comunitários e horários flexíveis para as progenitoras, mas que não esqueçam os pais.

CB

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