Só cerca de 1/3 dos adolescentes teve aulas ou sessões de educação sexual e saúde

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[Fotografia: Pexels/Andrea Piacquadio]

Afinal, a educação sexual e para a saúde está ou não a chegar aos adolescentes? A resposta é ‘sim’, mas também é ‘cada vez menos’, mesmo sendo matéria obrigatória por lei desde 2009 e regulamentada em 2010.

Em apenas quatro anos, entre 2018 e 2022, o número de jovens que contactou com aulas ou sessões daquelas matérias em espaços escolares caiu mais de dez pontos percentuais, de 50,5% para 39,9%, respetivamente. Respostas reunidas a partir de inquéritos online a 5809 jovens, do 6º (29,6%), do 8º (33,5%) e do 10º (37%) ano de escolaridade, dos quais 50,9% do género feminino, com uma média de idade de 14,09 anos.

Uma conclusão que consta do sumário que acompanha o estudo A Saúde dos Adolescentes Portugueses em Contexto de Pandemia 2022( HBSC/OMS), feito em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e que vincula esta análise com o período de covid-19. Sabendo que esta crise de saúde pública levou a confinamentos – um de quase três meses em 2020 e um segundo de mês e meio em 2021 -, também é certo que ela não arredou os adolescentes das escolas durante quatro anos.

O estudo – que vai ser apresentado esta quarta-feira, 14 de dezembro – denuncia o decréscimo de participação ou promoção de uma área que é obrigatória há 13 anos nos planos escolares e tem sido apresentada como vital, palco de campanhas e plataforma privilegiada para, ainda numa fase precoce, dar ferramentas para combater o bullying, a violência no namoro, gravidez na adolescência para debater e o olhar a sexualidade, a reprodução, o consentimento, o género, os direitos a cidadania e a saúde.

Recorde-se que a lei de 2009 “estabelece a aplicação da educação sexual nos estabelecimentos do ensino básico e do ensino secundário” e aplica-se a “a todos os estabelecimentos da rede pública, bem como aos estabelecimentos da rede privada e cooperativa com contrato de associação, de todo o território nacional”

Mais amor, mais sexo, menos contraceção

Mais de sete em cada dez jovens (71,1%) refere que teve a sua primeira relação sexual aos 14 anos ou mais tarde, reforçando a tendência já evidenciada no estudo semelhante de 2018.

“Em relação aos comportamentos sexuais, a frequência de relações sexuais também aumentou, de 11,5% em 2018 para 15,2% em 2022”, refere a nota enviada a acompanhar a investigação HBSC/OMS 2022, que acrescenta: “Verifica-se um aumento na frequência das primeiras relações sexuais ocorrerem com o género oposto, sendo mais frequente relações com pessoas do mesmo género no caso das raparigas.”

Mas se o sexo aumentou, a profilaxia seduziu bem menos. “No caso do uso do preservativo, diminuiu de 66% em 2018 para 64% em 2022 e o uso da pílula contracetiva diminuiu de 33,8% em 2018 para 31,3% em 2022”, detalha o documento.

O amor conquistou terreno nestes quatro anos, com um aumento na frequência de jovens que referem ter um relacionamento amoroso atual, de 10,7% em 2018 para 20,1% em 2022”. Ao detalhe e olhando para os resultados deste ano, quase 1/4 (23,5%) refere que o relacionamento amoroso que têm de momento é das coisas mais importantes das suas vidas”.