SOS pais: Como evitar e resolver birras em tempo de isolamento

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Uma vez que foi anunciado pelo primeiro-ministro, António Costa, na passada quinta-feira, 12 de março, que todas as escolas do país vão encerrar a partir desta segunda-feira, dia 16 de março, as crianças vão ter de estar em casa durante, pelo menos, duas semanas.

Como tal, estar de quarentena e em isolamento é sinal de vida em comum durante 24 horas non stop. E embora se diga que as crianças são a melhor coisa do mundo, há momentos em que duvidamos seriamente da sabedoria popular e dos níveis de resistência.

As birras, a ‘choraminguice’, o ‘beicinho’ e o amuo, os embates frontais nas decisões do dia-a-dia e as repreensões podem arrasar com a paciência e com os momentos em família. Aliás, é preciso quebrar esta ideia de duo dinâmico uma vez que estes períodos de descanso “podem ser, por excelência, um momento para criar laços afetivos fortes e estruturantes entre pais e filhos e para as crianças viverem novas experiências”.

A psicóloga clínica e coordenadora da equipa infanto-juvenil da Oficina da Psicologia, Inês Afonso Marques, deixa recomendações que prometem ajudar a evitar e a resolver as explosões de mau-feitio dos mais pequenos.

Desligar (d)a tecnologia

Criar um (ou mais) momento(s) de atenção plena à criança, diariamente. Uma brincadeira escolhida pela criança para estarem em interação, em sintonia emocional, é tudo o que interessa. Tudo o resto pode esperar.

Criar momentos de partilha daquilo que se pensa e sente. Dar tempo e espaço para a criança falar sobre o seu mundo interior.

Não é necessário estar sempre a entreter as crianças com medo que se aborreçam e que com isso façam birras. Aliás, o aborrecimento é um aliado da criatividade.

Respeitar os tempos de sono e descanso. Mesmo que os horários sejam mais flexíveis, o descanso (e as rotinas da alimentação) dos mais pequenos deve continuar a ser respeitado, pelo impacto que tem no humor e na gestão emocional.

Respirar fundo e… (estes segundos de “pausa” permitem aos pais agirem em vez de reagirem impulsivamente) tentar perceber… “O que estará a criança a tentar dizer com este comportamento? “O que está ela a pedir?”.

Escolher que “batalhas” travar. Podem ser mais rigorosos com rotinas do sono e segurança no carro, mas muito flexíveis em relação a outros temas… Os horários, a ordem dos pratos nas refeições, no dia em que a criança quer começar pelo prato principal, comer depois a fruta e deixar a sopa para o fim; ao número de doces permitidos; o número de brinquedos que leva para a praia.

Quando uma birra parece emergir, pode ser útil distrair a criança ou redirecionar a sua atenção para outro objeto/assunto/local.

Nas crianças mais pequenas, oferecer escolhas limitadas, em alternativa a questões abertas. Em vez de “o que queres vestir?”, perguntar “Hoje está imenso calor. Queres o top branco ou o das flores?” Por um lado, a criança sente-se mais confiante a autónoma por poder escolher, por outro lado o adulto gere melhor o tempo de escolha quando a criança habitualmente parece ter dificuldade em cooperar.

Minimizar situações de conflito. Por exemplo, sabendo que as horas de repouso são fundamentais para promover o bom humor dos mais pequenos, evitar saídas à hora da sesta ou adiar demasiado o sono da noite. Se se optar por ir àquele jantar com os amigos ou fazer as compras antes dos amigos chegarem para o lanche e optar levar a criança, pensar antecipadamente como tornar o programa aliciante para a criança.

Elogiar a criança sempre que age de acordo com o esperado. Por um lado está a aumentar a probabilidade desses “bons comportamentos” voltarem a acontecer, por outro lado, está a ajudar a criança a desenvolver uma autoimagem positiva.