A escritora Teolinda Gersão venceu a 28.ª edição do Grande Prémio de Literatura dst com o livro “O Regresso de Júlia Mann a Paraty”, anunciou hoje a organização.
De acordo com comunicado da empresa sediada em Braga, a edição deste ano foi dedicada a livros de prosa publicados entre 2021 e 2022 e contou com perto de 200 candidatos, o que constituiu um recorde para o prémio, que tem um valor de 15 mil euros.
O júri foi presidido pela escritora Lídia Jorge e incluiu também Carlos Mendes de Sousa e Cândido Oliveira Martins, tendo chegado à decisão de forma unânime.
“Trata-se de um livro de maturidade formal incontestável, associada a um invulgar fulgor criativo”, justificou o júri, no mesmo comunicado, sobre o livro publicado pela Porto Editora em 2021 e que cria “pensamentos em voz alta de três figuras da Cultura da primeira metade do século XX, Freud, Thomas Mann e sua mãe, Júlia Mann”.
A sinopse da obra descreve a narrativa da seguinte forma: “‘O regresso de Júlia Mann a Paraty’ são três novelas que se entrecruzam, de modo surpreendente. Através de um conhecimento profundo da vida e da obra de personagens históricas, e respeitando a veracidade dos factos, a autora desvenda o mundo interior de todas elas, vívida e credivelmente ficcionado, numa narrativa fascinante que prende o leitor da primeira à última página.”
“Fruto de uma apurada perícia construtiva, essas falas permitem ouvir o diálogo entre duas personalidades que moldaram a psicologia da profundidade e a arte literária que lhes está associada, a que se junta o testemunho de vida de uma mulher que decorre entre vários mundos, Júlia Mann, nascida no Brasil, levada para a Alemanha e de novo regressada ao seu país de origem. Deste tríptico, também resulta a pintura de um tempo histórico da Europa e do clima social de uma época que continua a dialogar com os mitos fundamentais do nosso tempo”, acrescentou o júri, na ata.
O Grande Prémio de Literatura dst teve como finalistas, para além de Teolinda Gersão, “O Segundo Coração”, de Bruno Vieira Amaral, “Ferry”, de Djaimilia Pereira de Almeida, “Melancholia”, de Francisco José Viegas, “Um Cão no Meio do Caminho”, de Isabela Figueiredo, “Volta ao Mundo em Vinte Dias e Meio”, de Julieta Monginho, e “O Senhor d’Além”, de Teresa Veiga.
Segundo o comunicado da organização, também presente vai estar o ministro da Economia, António Costa Silva, “porque a economia precisa de falar de cultura para ser competitiva”.
De 83 anos, Teolinda Gersão lançou “O Regresso de Júlia Mann a Paraty” em 2021, a par da reedição de “A Mulher que prendeu a Chuva”, aquando dos 40 anos da carreira literária como ficcionista, marcada pela publicação da novela “O silêncio”, em 1981, a que se seguiu “Paisagem com mulher ao fundo”, em 1982.
Teolinda Gersão recebeu mais de uma dezena dos principais prémios literários, alguns dos quais repetiu, como o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, da Associação Portuguesa de Escritores, que recebeu em 2002, com “Histórias de Ver e Andar” e, em 2017, com “Prantos, Amores e Outros Desvarios”.
Também por duas vezes foi distinguida com o Prémio Fernando Namora, atribuído pela Estoril-Sol, em 2001 pela obra “Os Teclados” e, em 2015, com “Passagens”.