Testes comparticipados e rastreio à clamídia para os jovens, pede Sociedade da Contracepção

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[Fotografia: Pexels/Cottonbro Studio]

Mais comparticipação, mais informação e rastreio. Sociedade Portuguesa de Contracepção (SPC) pede para que “sejam disponibilizados testes nos centros de saúde à clamídia e que sejam comparticipados”. O alerta é dado pela presidente da sociedade científica, Fátima Palma, no momento em que se assinala o dia Mundial da Contracepção, esta terça-feira, 26 de setembro.

Um pedido que procura responder e travar o crescimento das infeções sexualmente transmissíveis (IST) entre os mais jovens. “A Clamídia é a transmissão sexual mais frequente nas mulheres jovens, abaixo dos 25 anos, pelo que é importante e urgente e é uma medida da SPC incentivar à criação de um rastreio que tem de passar pelos cuidados primários de saúde e por sensibilizar os jovens”, afirma a presidente. Para tal, é necessário que os centros de saúde os possam prescrever e “é essencial que os testes sejam comparticipados”, recomenda a dirigente que é também médica especialista a trabalhar sobretudo com adolescentes.

Fátima Palma fala na necessidade de haver um rastreio para as IST a nível nacional, e não apenas os que já existem atualmente mas direcionados para grupos de risco. A presidente deste órgão científico consultor explica que o processo está, “neste momento, em marcha”, mas não são avançados dados ou datas. A vontade é a de “tentar agilizar os documentos” e “o ideal seria começar a montar a rede de rastreio já no próximo ano”, insta Fátima Palma.

“O rastreio pode ser feito nas consultas de Planeamento e Medicina Familiar e em consultas hospitalares como melhores formas de organizar este rastreio, mas há também locais onde as próprias jovens façam o autoteste e entreguem, seria o ideal numa primeira fase”, descreve a responsável da SPC.

A intervenção deve também ser feita no plano educativo. “Noto que os adolescentes têm atualmente melhor conhecimento dos métodos contracetivos do que das IST. Temos um bom número de cobertura dos meios de contraceção e, se calhar, está na altura de abordar mais as infeções”, recomenda Fátima Palme. Desta forma, a presidente da SPC crê que estas matérias “podem e devem fazer dos conteúdos nas horas que as escolas têm para a educação sexual”. Ora, com uma média de início da vida sexual, em média, aos 16 anos, a responsável recomenda que este conhecimento comece a ser ministrado “no terceiro ciclo” e como forma de “prevenção”.

Sobre o raio de ação da SPC no próximo ano, Fátima Palma avança, no curto prazo, a “revisão da contraceção na adolescência” e definição das “recomendações sobre saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, métodos contracetivos e alguma legislação reunida para permitir que a Medicina Geral e Familiar tenha definido o que deve ter lugar para que os jovens se sintam mais confortáveis na consulta, se os pais têm ou não de estar nesse espaço”, afirma.