Trabalhadora têxtil morta a tiro em protesto por melhores salários, no Bangladesh

pexels-michael-burrows-7147649
[Fotografia: pexels/Michael Burrows]

Anjuara Khatun, uma operadora de máquina de costura do Bangladesh, de 23 anos, mãe de dois filhos, “levou um tiro na cabeça” quando protestava por melhores salários numa manifestação. “A polícia abriu fogo. Ela levou um tiro na cabeça” e depois “morreu num carro a caminho do hospital”, afirmou Mohammad Jamal, marido da vítima.

Afirmou ainda que, na quarta-feira, 8 de novembro, a polícia disparou contra cerca de 400 trabalhadores que protestavam por melhores salários numa autoestrada na cidade industrial de Gazipur, perto da capital Daca, acrescentando que “seis a sete pessoas foram baleadas e feridas”.

Os trabalhadores da indústria têxtil deste país pobre do sul da Ásia manifestam-se há duas semanas, exigindo quase a triplicação do salário mínimo mensal do setor, atualmente em 8.300 takas (70 euros).

 

A polícia acredita que uma nova onda de violência eclodiu em Gazipur, depois que quatro mil pessoas se manifestarem para contra uma oferta de aumento salarial que consideraram muito baixa. Os manifestantes “lançaram tijolos contra fábricas, carros e polícias. Disparámos gás lacrimogéneo para dispersá-los”, defendeu o chefe da polícia local, K.M. Ashraf Uddin.

Na terça-feira, uma comissão nomeada pelo Estado anunciou o aumento dos salários dos trabalhadores têxteis em 56,25%, para 12.500 takas (106 euros) por mês, o que foi imediatamente rejeitado pelos sindicatos. Os sindicatos exigem um mínimo de 23 mil takas (195 euros) por mês para permitir aos trabalhadores fazer face à inflação crescente. A segurança foi reforçada nas principais cidades industriais do país.

As 3.500 fábricas de vestuário do Bangladesh representam cerca de 85% dos 55 mil milhões de dólares em exportações anuais e fornecem muitas das principais marcas globais, como a Levi’s, a Zara (grupo Inditex) e a H&M.

 

LUSA