Vacina contra o cancro de pele pode chegar daqui a dois anos

Rastreio do cancro da pele
[Fotografia: Pedro Correia/Global Imagens]

A vacina experimental contra o melanoma pode vir a estar disponível em 2025, o que representaria um passo histórico contra a forma mais grave de cancro de pele. O anúncio foi feito pelo CEO da farmacêutica O CEO da Moderna, Stéphane Bancel, em entrevista à AFP.

“Acreditamos que, em alguns países, o produto poderá ser lançado com aprovação acelerada até 2025”, afirmou. Ao contrário das convencionais, as chamadas vacinas terapêuticas tratam a doença, em vez de a prevenir, mas também atuam como elemento de treino do sistema imunológico do corpo humano contra o agente invasor.
Atualmente, as vacinas terapêuticas representam uma verdadeira esperança em oncologia, uma “imunoterapia 2.0”, segundo Bancel.

Os projetos da Moderna receberam um impulso nesta quinta-feira, 14 de dezembro, com os últimos resultados dos ensaios clínicos, que mostram uma melhoria nas possibilidades de sobrevivência, graças à vacina. A tecnologia utilizada é o RNA mensageiro (RNAm), que demonstrou ser muito eficaz contra as formas graves de covid-19.

Num estudo, do qual participaram 157 pessoas com melanoma avançado, a vacina da Moderna, em combinação com o fármaco de imunoterapia Keytruda, do Laboratório Merck, reduz o risco de recorrência, ou de morte, em 49% dos casos durante um período de três anos, em comparação com a administração exclusiva do Keytruda.

“A diferença na sobrevivência está a crescer. Quanto mais passa o tempo, mais se vê essa vantagem”, disse Bancel, explicando que a taxa de efeitos colaterais não havia aumentado.
“Temos uma a cada duas pessoas que sobrevive, em comparação com o melhor produto do mercado, o que, em oncologia, é enorme”, afirmou.

Estima-se que em Portugal morram 400 pessoas por ano devido aos múltiplos tipos cancros de pele, sendo o melanoma responsável por 10% dos novos casos anuais.

Em busca de uma aprovação rápida

Os ensaios clínicos existentes podem constituir a base para a aprovação condicional da vacina, conhecida como ARNm-4157m, afirmou Bancel. Neste cenário, um estudo mais amplo, de “fase 3”, do qual participarão mil pessoas e que a Moderna fará em 2024, poderia confirmar a autorização condicional anterior.

Tanto a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados (FDA, na sigla em inglês) como a Agência Europeia de Medicamentos colocaram a terapia em uma via de revisão acelerada.

O desenvolvimento da vacina começa com o sequenciamento do genoma do tumor de cada paciente e a identificação de mutações específicas para codificar. Trata-se de um exemplo de medicina “individualizada” adaptada “apenas à pessoa tratada”, afirmou Bancel.

Outras empresas, como a BioNTech, também estão a trabalhar em vacinas terapêuticas individualizadas contra o cancro.

com AFP