Zika provocou uma quebra de natalidade no Brasil

Alves holds her daughter in Olinda
Rosana Vieira Alves holds her 4-month-old daughter Luana Vieira, who was born with microcephaly, in the sea in Olinda, Brazil, February 4, 2016. Brazil is investigating more than 4,000 suspected cases of microcephaly, a condition in which infants are born with abnormally small heads and can suffer developmental problems, that may be linked to the Zika outbreak. REUTERS/Ueslei Marcelino

A taxa de natalidade no Brasil registou em 2016 a maior queda verificada em quase três décadas, em parte devido à epidemia do vírus zika, que atingiu o país desde final de 2015 e ao longo do ano passado. A informação faz parte de uma pesquisa divulgada hoje, 14 de novembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Além da tendência crescente para ter filhos mais tarde, várias famílias podem ter-se assustado com a epidemia de zika que afetou o país entre 2015 e 2016, que foi associada ao nascimento de bebés com microcefalia”, informou a pesquisadora do IBGE Cristiane Moutinho. Segundo os dados do instituto de pesquisas brasileiro, no ano passado o país registou 2,79 milhões de nascimentos, número que indica uma redução de 5% em relação ao ano anterior. A taxa de natalidade caiu 10% no estado de Pernambuco, local onde o vírus zika teve impacto maior e que liderou o número de casos de nascimento de bebés com microcefalia.
O vírus zika é transmitido principalmente pela picada de mosquito Aedes Aegypti e quando contamina mulheres grávidas pode levar os bebés a nascerem com microcefalia e outros problemas neurológicos graves.

A analista do IBGE acredita que a longa crise económica do Brasil também contribuiu para a diminuição da taxa de natalidade no ano passado. No entanto, Cristiane Moutinho lembrou que em alguns estados brasileiros, como Roraima, o número de nascimentos foi maior no ano passado, crescendo 3,9%. “Em Roraima, fatores específicos, como a imigração de venezuelanos, podem ter contribuído para o aumento no número de nascimentos. É preciso haver mais estudos e cruzamento com os dados do Ministério da Saúde para analisar as situações nas diferentes unidades da Federação”, concluiu.

Imagem de destaque:REUTERS/Ueslei Marcelino