Lu Araújo: “Poderia fazer o MIMO em várias cidades em Portugal”

Entrevista a Lu Araújo
Lu Araújo, organizadora do festival Mimo Amarante e Mimo Brasil. (Carlos Manuel Martins/Global Imagens)

O MIMO Amarante arranca esta sexta-feira, dia 21, na cidade nortenha, primeira localidade estrangeira a receber este festival nascido em Olinda, no Brasil, em 2004, pelas mãos da produtora Lu Araújo. Levar a vida ao património edificado através da música é o desígnio que tem motivado a carioca de 50 anos a não desistir de fazer das igrejas e praças de cidades históricas os palcos de encontro entre músicos de tendências e geografias diferentes. “Não foi fácil”, diz várias vezes, durante a entrevista ao Delas.pt, mas, pedra sobre pedra, o MIMO foi-se cimentando e acabou por se converter numa instituição cultural do Brasil, que se arrisca a alcançar estatuto semelhante em Portugal.

A primeira edição em Amarante aconteceu em 2016 e marcou a internacionalização do evento. A programação deste ano, a segunda edição nacional do evento, é “mais harmoniosa”, fruto da maturidade e da experiência, define Lú Araújo. O cartaz junta, até dia 23, a música dos Tinariwen, dos Nação Zumbi, de Rodrigo Amarante e Manel Cruz, e ainda um concerto especial da lenda do jazz Herbie Hancock. Lu Araújo apostou em Portugal como um prolongamento natural das cidades brasileiras onde o festival tem lugar – Olinda, Ouro Preto, Rio de Janeiro, Tiradentes e Paraty –, cidades coloniais com forte influência da presença portuguesa.

O MIMO Amarante é também um regresso ao país onde foi lançada a sua primeira semente. Serpa promoveu o encontro necessário para que tudo se desenrolasse em Terras de Vera Cruz. “São simbolismos que na hora não se entendem, mas no final há uma sinergia”, diz a responsável pelo evento que nos conta, nesta entrevista, todo o percurso entre o nascimento do MIMO e o momento em que atravessou o Atlântico.

O MIMO está de regresso a Amarante. O que é que podemos esperar da edição deste ano?
Acho que talvez tenha, nestes muitos anos de festival, uma programação mais harmoniosa. E isso vem da experiência e da maturidade. O ano passado, tinha uma série de questões quando falava de uma programação para Amarante, porque sou uma estrangeira, frequento Portugal mas não vivi aqui, e então questionava que público é esse, é o mesmo que o que tenho no Brasil? Como é que vou preparar uma programação? O ano passado foi um ano de tatear, de sentir, mas este ano não. Quando o festival do ano passado acabou já sabia algumas das coisas que queria e acho que consegui fazer uma programação abrangente, diversificada territorialmente e dias que têm perfis. Mais world music no primeiro dia, um segundo dia mais jazz fusion e um terceiro mais pop, uma pop contemporânea, com o [Rodrigo] Amarante, o Manel Cruz. Estou bem feliz com o resultado e apesar de serem noites específicas não estão dissociadas, uma mesma pessoa pode apreciar isso tudo.

Há também um concerto especial do Herbie Hancock. Em relação a esse espetáculo, em particular, o que é que pode adiantar?
Primeiro, é um show novo. Isso foi uma das coisas que me fez querer comprar esse concerto e brigar para tê-lo no MIMO com exclusividade, porque havia outros festivais interessados, aqui em Portugal, porque, claro, Herbie [Hancock] é sempre uma delícia de ter e achei muito curioso porque esse show novo é, na verdade, ir para a estrada enquanto se está a gravando um disco e testando. Depois há um jovem a dirigi-lo, o Terence Martin, que acabou de ganhar dois Grammy. Isso para mim é um pouco o que o Herbie é de verdade, alguém que está sempre na ponta, sempre ‘antenado’, sempre se reinventando. Estou muito curiosa e feliz porque vem algo novo. O papel do festival é um pouco a visão de que precisamos de ter uma certa exclusividade…

Até porque há muitos festivais a acontecer em Portugal neste momento…
E porque senão apresenta-se a mesma programação que o outro. Nesse sentido, acho que vai ser uma honra ter o Herbie estreando um conceito de um disco que ainda vai gravar, que nos está a mostrar em primeiríssima mão.

Fundou a Lu Araújo Produções em 2005. Por que quis lançar-se nesta área?
Na verdade, em 2005 eu lanço a minha produtora pessoal, mas já tinha uma outra desde 1992, a Lume Arte, que era a minha empresa mais antiga.

Que era na mesma esfera cultural?
Era, era. Acho que em 2005 eu ganho coragem de abrir uma coisa já com o meu nome, já começo a ter assinatura, já tinha uma série de trabalhos desenvolvidos…

E por que decidiu enveredar por esta área da produção?
Na verdade, comecei como fotógrafa. E no meio do caminho, comecei a ajudar vários amigos que eram músicos e comecei a perceber que tinha uma forte tendência para a lógica da produção. Por outro lado, eu fui criada nesse universo da música. O meu pai era dono de uma loja de discos. Conhecia todos os discos com antecedência, vendia-os e tentava convencer as pessoas de que aquilo era bom. Sempre amei música e vivi numa casa rodeada de pessoas que gostavam de música. Então, montei a produtora e mantinha uma loja de discos com o meu primeiro marido, uma loja especializada em discos independentes. Em 1987 tínhamos mais de seis mil títulos lá. Ao montar a loja começámos a perceber que muitos desses artistas não tinham trabalho de produção e que para promover aqueles discos precisávamos de criar uma produtora. Aí comecei a fazer produção de verdade, oficialmente. Montei uma produtora e fui para a estrada e trabalhei com diversos artistas. Quando me separei, ele ficou com a loja de discos e eu fiquei com a produtora, que era a Lume Arte e não parei mais. Eu acho que nasci para fazer isto. Passei por muitos momentos, não foi fácil sustentar-me, ter uma carreira, até porque fiz opções por determinados tipos de música que não eram as músicas de mercado. Mas nunca quis isso. Hoje acho que fiz muito bem!

Lu Araújo é a organizadora e diretora-artistica do festival Mimo Amarante e Mimo Brasil.

Ainda se diz que o mundo musical continua a ser misógino. Sentiu dificuldades nesse campo por ser mulher?

Sim, muitas. Mas também nunca deixei que isso me abalasse. Soube enfrentar. Ainda hoje passo por isso. Não é fácil. Mesmo aqui em Portugal, quantos festivais são feitos por mulheres?

Dos grandes, o Rock In-Rio Lisboa. Embora as estruturas da organização de outros também tenham mulheres…
É, mas que as tenham na liderança, no topo…Esse universo da música é muito masculino. Eu vou às feiras de música e quase não tem mulheres. Há uma nova geração vindo, tenho percebido isso. Mas pessoas com mais idade, já estabelecidas são poucas. Eu passei por poucas e boas. Passei por perseguições, assédios, discriminação mesmo, mas enfrentei todas, saí e me construí. Nunca tive medo. Depois há outras questões que não estão só na cúpula do mundo da música, vão de uma ponta à outra desse universo. Eu viajava com grupos de homens [músicos e técnicos] numa carrinha, que falavam e contavam todas as histórias que tinham vivido com as mulheres na noite anterior sem se importarem com o facto de eu ser mulher e estar ali. Mas acho que hoje em dia já começa a ser diferente. E eu exijo esse lugar de respeito, eu imponho-me mesmo. As pessoas às vezes nem percebem.

Está tão enraizado.
Está tão enraizado. E aqui em Portugal não é tão diferente do Brasil. Nesse sentido não. Claro que acontecem numa escala menor, mas os problemas que a gente vê no Brasil, de violência doméstica, eu vejo toda a hora a acontecer aqui. E acho que o mundo, na verdade, se a gente pensar, ainda tem muito isso. Mas a gente vai vencer isso, porque não há volta.

Referiu que quando começou a produzir a sério foi porque notou que muitos artistas independentes que vendia não tinham produção. Esse é um trabalho que a Lu Produções também mantém: a recolha e pesquisa de música e de artistas de referência da música popular brasileira como o Pixiguinha e outros menos conhecidos. Qual é a parte que esta vertente ocupa no trabalho da Lu Produções?
Eu sempre fui uma investigadora, uma detetive quase, no sentido de ir atrás de coisas, de querer entender o processo e de entender a importância das coisas porque isso dá-nos uma noção de mundo, de tempo ou de período, de história. Eu gosto muito e acho que o MIMO é o resultado de várias coisas dessas. Quando falo de património, não falo de um edifício, falo de história, de memória e de legado. Dentro desse espírito eu fui investigando coisas muito diferentes e juntando outras. Comecei a pesquisar, pelo interesse de conhecer coisas diferentes, e cheguei a caminhos. Pixinguinha é uma paixão e acho que não dá para falar de música brasileira sem passar por ele. Acho que ele marca várias coisas no Brasil, marca o posicionamento dos negros no país. Era um homem muito simples e muito querido. Todos os grandes intelectuais iam consultar-se com o Pixinguinha. Há histórias de bastidores, que nestes anos de pesquisa que fui recolhendo e guardando e que são incríveis.

Por exemplo.
De Tom Jobim a Mário de Andrade, ao próprio Villa Lobos, que são grandes nomes, que gostavam de conviver e iam consultar-se com o Pixinguinha. Orgulho-me de ter podido fazer coisas que ainda não tinham sido feitas: um livro de fotografia, juntar todo o material dele, contar a história do Rio de Janeiro através dele, um filme que vou passar no MIMO este ano e que se chama ‘Nós somos um poema’, que conta uma parceria dele como Vinicius [de Moraes], fui curadora de uma exposição sobre ele, com 12 salas. Adoro essa parte e tenho ficado um pouco triste porque, com o crescimento do MIMO, não tenho tido muito tempo para fazer isso. Mas fiz outras coisas além do Pixinguinha, como a Zabé da Loca, que é uma senhora que já tem 90 e tal anos, uma tocadora de pífaro, uma mulher muito simples mas genial. Ela morou 30 anos numa caverna, numa zona muito pobre e semiárida do Paraíba. A casa ruiu, ela tinha dois filhos, subiu a serra, encontrou uma gruta e lá foi construindo a sua casa. Tive muito cuidado de fazer esse projeto com ela com muito respeito, sem tentar explorar isso, porque há um caminho mediático que às vezes toma uma proporção, um volume que estraga as pessoas. Ela continua lá, continua morar naquela casinha dela, tocando pífaro. Mas foi importante para ela viver isso. Ela tem histórias incríveis. Ela expulsou o Hermeto Pascoal do palco, que ela não sabia nem quem era, no SESC Pompeia, em São Paulo.

Expulsou?
Quando ela o viu, ela tomou logo um susto, ficou toda desconfiada. A primeira parte do show era ela, a segunda parte era ele e depois encerravam juntos. Ela fez a parte dela e quando começa a parte dele, começa a cochichar com o músico dela e passado um pouco os dois se levantam e eu pergunto: ‘O que foi Zabé?’ E ela: ‘Esse velho é doido, esse velho bebeu’. Hermeto tocava loucamente e ela foi andando para entrar no palco. Ela invadiu o palco. O Hermeto não entendeu nada. Eles começaram a tocar uma quadrilha – um ritmo do Nordeste muito rápido – e o Hermeto tentou acompanhá-la, mas nada timbrava. Chegou uma hora que ele, puto [zangado], desistiu e saiu do palco. Eu nunca vi o Hermeto fazer isso. Quando ele saiu do palco, ela parou a banda e saiu: ‘Não falei que ia derrubar esse velho?’ [risos].

E ao projeto das Encantadeiras como é que chegou?
As Encantedeiras foi o desejo de fazer uma coisa com mulheres e mulheres que praticam o canto de trabalho. Queria fazer um projeto que olhasse para esse papel da mulher, da alegria e da experiência de ter um trabalho envolvido com o seu canto. Então há três cegas de feira, uma coisa muito comum no Brasil, principalmente no Nordeste. Muitos cegos tocam sanfona, violão mas elas cantavam. Eram três irmãs cegas, as Ceguinhas de Campina Grande. Depois juntei as Quebradeiras de Coco Babaçu, que passam o dia inteiro quebrando aquele coco difícil e cantando. Elas ficaram surpresas com o meu convite e disseram que não sabiam cantar sem quebrar coco. E eu falei: ‘Não tem problema, a gente quebra coco’. Levei para o palco e fui criando duplas para ser uma coisa contemporânea e elas também se poderem relacionar. As Ceguinhas de Campina Grande fiz com o grupo Mawaca, as Quebradeiras eu fiz com a rapper Nega Gizza, as Encomendadeiras de Alma de Correntina, as carpideiras, juntei com Elisa Lucinda [atriz e declamadora de poesia]. E o Cortejo Brincante Abayomi – mulheres que fazem bonecas sem rosto, das sobras dos tecidos e que também trabalham cantando – que juntei com a Virgínia Rodrigues, uma cantora que eu amo, tem um,a voz incrível. Esse projeto foi um sucesso, viajei por vários lugares do Brasil com ele. Foi muito enriquecedor conviver com essas pessoas. Eu adoro fazer essas coisas. Tenho muitas ideias como essa. Preciso de tempo e também de quem acredite.

E quando criou o MIMO no Brasil foi fácil convencer as pessoas a acreditar e apoiar esse então novo festival, com características tão particulares?
As pessoas acreditavam mas não era assim uma crença. Não foi fácil. Eu tive essa ideia durante um Carnaval. Trabalhei como produtora do Zeca Baleiro e fui fazer um Carnaval com ele, no Recife. Tínhamos um day off e eu fui para Olinda, para casa de uma amiga. Acho que era uma quarta-feira de cinzas e vi uma cena muito triste: uma galera jovem dançando e curtindo e um deles com uma garrafa de cerveja de vidro jogou-a contra a porta de uma igreja e espatifou e voou para tudo quanto é lado. Fiquei absolutamente chocada com a violência daquele ato, com um jovem a fazer aquilo e senti-me agredida porque aquilo ali era meu. Fiquei muito incomodada e quando voltei para casa da minha amiga disse-lhe, ‘vou fazer um projeto aqui’. E passei um ano pensando o que é que eu faria. Mas não tinha nenhum contacto, eu morava no Rio de Janeiro, não tinha nada em Olinda, só tinha um desejo. Entretanto, vim fazer uma tournée aqui em Portugal e fui a Évora e Serpa. Em Évora estava a decorrer um encontro de presidentes de câmara de cidades património mundial e a presidente dessa entidade era a prefeita de Olinda, que eu não conhecia. Não consegui em Évora mas soube que ela ia para Serpa onde havia um encontro de países de língua portuguesa. Então falei com ela e disse-lhe que queria apresentar-lhe um projeto para Olinda. Voltei para o Brasil e em 15 dias preparei um projeto e fui a Olinda.

E depois?
Eu queria fazer uma coisa gigante que era 50 concertos no primeiro ano, um concerto atrás do outro durante cinco dias, ocupando as 22 igrejas. Já tinha esse conceito, já queria misturar música instrumental com música erudita. A prefeita amou o projeto mas não tinha dinheiro. Disse que podia ajudar a construir. Consegui um dinheiro de uma entidade do governo e só consegui esse dinheiro. Aí fiz cinco concertos – eu nunca consegui fazer 50 até hoje. E foi incrível. Levei o Nelson Freire, um pianista brasileiro muito importante, e fiz um concerto com a Orquestra Sinfónica do Recife. De tarde eu lembro que quando entrei na igreja, ouvi aquilo e comecei a chorar.

Foi a junção de dois patrimónios.
Olinda é Património da Humanidade. Não tem um teatro, um cinema. Tem 300 mil habitantes ao redor e um centro histórico lindo e até bem preservado, mas tem que ter vida. Por que não usar esses espaços? Às vezes a missa é uma vez por semana, uma vez por dia. A gente precisando de equipamentos de cultura. Vocês aqui têm muito mais equipamentos que a gente. A gente não tem equipamentos de cultura no Brasil. Isso é um problema. Por que não usar esse património que está lá? Olinda tem igrejas de 800, 600 lugares, tem igrejas de 80 e são 22, todas ali, Eu fiz durante oito anos o MIMO só usando esses espaços. Só quando começou a crescer tive que partir para ocupar as praças e outras coisas. Então essa questão do património entra nesse sentido. O Brasil é um país jovem, tem 500 anos, a gente discute património há menos de 100 e foi feita uma opção pelo património religioso. E eu fui muito bem recebida em Olinda [pela igreja], aqui em Portugal há uns certos constrangimentos.

Que tipo de constrangimentos sentiu?
Aqui há a questão do uso da igreja estar sempre vinculado à música sacra. Claro que há coisas que não cabem numa igreja, mas há outras que ficam incríveis, que se podem compartilhar e fazer com que as pessoas tenham novas experiências e se aproximem, inclusivamente, desse ambiente especial. O MIMO não tem um cunho religioso, mas eu não posso negar que aquilo tudo é meio mágico. Aquele lugar, que é de reflexão, é um templo e a pessoa está ali a ouvir música, mexendo com as coisas espiritualmente. Em Olinda a igreja confiou, apoiou porque entendeu que aquilo era importante. E depois eu comecei a criar aulas também, a fazer outros programas vinculados a isso.

Amarante recebe pela segunda vez o evento criado por Lú Araújo em 2004, para a cidade brasileira de Olinda.

Por que quis trazer o MIMO para Portugal?
Portugal sempre esteve nos meus planos e eu tenho muita relação com a herança portuguesa, porque eu faço o festival só em cidades históricas, que são cidades coloniais portuguesas no Brasil. Há cinco anos vim a Lisboa, visitei todas as igrejas, vim ao Porto. Não pensava fazer o MIMO em Amarante, pensava em fazer no Porto, porque apaixonei-me pelo Porto. Eu tinha um projeto pronto para a cidade e cheguei a falar com as autoridades, mas entretanto conheci Amarante e gostei muito. Resolvi fazer lá o festival. Portugal é quase que natural.

Um prolongamento natural?
É. E ainda tem esse facto de a primeira sementinha que fez o MIMO concretizar-se ter acontecido aqui em Portugal. E isso para mim tem muita importância. São simbolismos que na hora não se entendem, mas no final há uma sinergia. Então estou muito feliz e sinto-me muito honrada, porque eu sou uma brasileira e a gente tem muita admiração por Portugal. Há muitas diferenças, mas há muita admiração. E o facto de estar na Europa, de fazer um projeto autoral, num país com tantos festivais e tantas coisas acontecendo, poder trazer uma ideia que eu tive e ser bem-sucedida nisso… Acho que Portugal assenta como uma luva. Poderia fazer o MIMO em várias cidades em Portugal.[risos].

 

Fotografias: Carlos Manuel Martins/Global Imagens