5 perguntas que identificam se é vítima de assédio no local de trabalho

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[Fotografia: Pexels/Anna Shvets]

Muitas vezes de difícil perceção para quem o vive, nem sempre o reconhecimento do assédio no local de trabalho é imediato, devendo ser combatido e evitado. Sendo uma realidade mais comum do que o que se pensa, um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2022 veio concluir que este fenómeno atinge atualmente uma em cada cinco trabalhadores.

Por isso, a Ordem dos Psicológos (OPP) lançou um guia que pretende clarificar este fenómeno, quais os efeitos que cria em quem é assediado e o que pode e deve ser feito não só para lidar com ele, mas logo numa primeira fase para o combater.

Por isso, urge identificar este tipo de comportamento e a OPP lança, no documento que pode ser consultado na íntegra aqui, quais as cinco perguntas, cuja resposta positiva, indicarão se está a ser vítima.

Assim sendo, procure responder às seguintes questões:

“O comportamento é incómodo, i.e., deixa-o/a desconfortável? “
“O comportamento é repetido? (ou ocorreu um incidente único com gravidade?)”
O comportamento é indesejado? “
“O comportamento afeta a sua dignidade ou bem-estar físico ou psicológico?”
“O comportamento cria um ambiente de trabalho intimidatório, hostil, humilhante e desestabilizador?”

O guia traz ainda respostas sobre a tipologia das vítimas e dos agressores, consequências físicas e psicológicas deste tipo de abusos e como lidar com esta realidade.

O documento apresenta ideias que ajudam a perceber e a reagir a estas situações. “Às vezes, demoramos algum tempo a perceber que determinados comportamentos ou situações constituíram assédio no trabalho. Às vezes, demoramos algum tempo a reconhecer que estamos a ser vítimas de assédio no trabalho. Às vezes, tentamos desvalorizar o que aconteceu ou procuramos justificações para desculpar quem agride”, lê-se no texto divulgado.

O conselho dos psicólogos neste contexto é para que se reforcem as relações familiares e de amizade e que se partilhe a experiência com pessoas de confiança. “Falar com outras vítimas de assédio no trabalho”, bem como investir no autocuidado são outras propostas apresentadas neste guia, sob a designação “Perguntas e Respostas sobre Assédio no Trabalho”.

“Apesar da sua prevalência, transversalidade e consequências, o assédio no trabalho pode ser difícil de reconhecer e de demonstrar e, por isso, é ainda pouco denunciado ou acaba mesmo por resultar em falta de provas, em retaliações para com os trabalhadores e trabalhadoras que são vítimas de assédio ou para com as testemunhas”, alerta o documento.

O assédio no trabalho pode manifestar-se em formas menos explicitas como atribuir sistematicamente ao trabalhador “funções estranhas ou desadequadas à categoria profissional” ou transferi-lo para outro setor, com a intenção de o isolar, alerta-se no documento.

Sublinhando que não existem estatísticas precisas sobre esta matéria, a OPP apresenta dados de um estudo da OIT realizado 2022, segundo os quais uma em cada cinco pessoas empregadas foi vítima de algum tipo de assédio: 17,9% afirmaram ter sofrido assédio psicológico durante a vida profissional, 8,5% indicaram ter sido vítimas de assédio físico e 6,3% relataram ter sido vítimas de assédio sexual.

Em Portugal, os estudos mais recentes datam de 2016 e indicavam, na altura, que 16,5% dos trabalhadores portugueses já tinham experienciado uma situação de assédio moral no trabalho e 12,6 % referia mesmo vitimação em matéria de assédio sexual no local de trabalho. Segundo o mesmo documento da OPP, “a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou 160 queixas de assédio sexual e assédio moral, um crescimento de 166% em relação a 2019. No entanto, e embora a tendência de denúncia esteja em claro crescimento, metade das vítimas acaba por não apresentar queixa às autoridades”, lê-se no guia.

com Lusa