No princípio era África

Desde 22 de maio a UNESCO celebra a Africa Week com ações de vários tipos, especialmente artísticas e culturais, onde o público é apresentado à rica e variada herança africana. Serve esta semana também como moldura ao dia 25, que festeja a criação em 1963 da Organização da Unidade Africana, que a partir de 2002 se tornou a União Africana.

O continente africano, devido às suas idiossincrasias sociais, geográficas e históricas, tem sido nos últimos anos o cadinho onde designers e arquitetos exploram os grandes desafios com que a humanidade terá, mais tarde ou mais cedo, de lidar de uma forma abrangente. Deslocalizações em massa, excesso populacional de um lado e desertificação do outro, escassez de água e de outros bens básicos, são parcelas que o design contemporâneo tem que incluir, mais do que nunca, na sua equação, se quiser continuar a cumprir o seu desígnio que sempre foi a solução de problemas do quotidiano.

De vez em quando, África volta como tendência na decoração. O exótico distante tem esta característica apelativa que qualquer indústria de bens de consumo não deixa passar ao lado, e este ano não é diferente dos outros. Em Portugal a loja Area fez de África a grande inspiração para a coleção temporária de 2017 e são várias as lojas de roupa que exibem montras onde, dentre a folhagem ou sob o sol de 100W da savana, espreitam malinhas de mil euros cosidas à mão em França ou na Itália.

Kit total para fuga minimamente confortável

Além do layout exótico, que nos remete mais ou menos imediatamente para África, existe outra corrente que faz com que o Continente Negro nos entre, mais que nunca, pela casa adentro: muitos dos designers mais requisitados atualmente são de origem africana, como Stephen Burks ou David Adjaye, entre tantos. Mais do que se ensina na escola, é, tanto aqui como no resto, tão ou mais importante o que nos ensina o senso comum da comunidade que nos rodeia, a nós e aos nossos antecessores. Na galeria mostramos-lhe alguns exemplos de artistas, designers e arquitetos que nascidos em África a ela voltaram depois das respetivas formações académicas, não só para lá buscarem inspiração mas também para efetivamente meterem mãos à obra.

Desde o início do milénio que algumas das grandes produtoras de mobiliário tendem a praticar um comércio mais justo e que por isso buscam em África não só os designers como também a mão-de-obra. Tudo isto reflexo não apenas da boa vontade europeia, mas especialmente porque deste modo conseguem a ideia, o material e o acabamento que cumprem da melhor forma o que mais querem agora os modanti, aquele ar meio artesanal e pitoresco que torna cada peça diferente das suas pares.