As malhas e os clássicos reinventados de Alexandra Moura

O Baking Hall em Cornhill, Londres, recuou, esta segunda-feira, dia 20, três séculos, sendo levado por Alexandra Moura até aos Descobrimentos Portugueses. A criadora inspirou-se na conquista de Timor Leste e no choque cultural entre a faustosa Europa daquela altura e os tradicionais trajes do sudeste asiático, como explicou em comunicado ” as peças aliam detalhes subtis do traje étnico ao romantismo europeu da época”.

Os apontamentos timorenses veem-se nos padrões florais das malhas, nas cores quentes de terra e nas alças de algumas peças que lembram o cruzar das alças dos cestos de arroz tão comuns naquela região. Já a opulência europeia foi traduzida nos tecidos mais ricos e brilhantes com motivos florais, mas também nos detalhes mais românticos como os folhos, desta vez mais curto e energéticos que na coleção de verão de Alexandra Moura.

Da assinatura de estilo da designer mantiveram-se os moldes largos, as sobreposições, os botões e a manipulação inesperada de materiais, neste caso com destaque para os nós e amachucados, apenas se perderem os laços que têm sido um detalhe muito recorrente nas coleções da designer. Bastando entrar o primeiro coordenado para se perceber que estávamos perante uma coleção assinada por Moura, sem que nada parecesse repetitivo.

É de destacar também a abordagem dada aos trench coats, que apesar de apresentados na sua cor clássica, foram cortados de forma completamente nova, passando de uma gabardina intemporal quando todos abotoados, a um casaco repleto de cortes inesperados quando desabotoado. Nos casacos mais uma ressalva para os impermeáveis de penas, também eles com aberturas nos ombros e faixas interiores, podendo ser vestidos de diversas formas. Uma coleção de género híbrido com trinta e cinco coordenados, que segundo Alexandra Moura é uma proposta mais feminina mas que um homem simultaneamente sensorial, cosmopolita e contemporâneo pode e deve usar.

Este desfile faz parte da tournée internacional do Portugal Fashion que se iniciou em Milão com a coleção masculina de Miguel Vieira, passando depois por Paris com a apresentação de Hugo Costa e seguidamente em Nova Iorque com Katty Xiomara e a coleção feminina de Miguel Vieira. A próxima paragem será novamente em Milão, no dia 26 de fevereiro, onde estaremos presencialmente para assistir ao desfile das coleções de Carlos Gil e Pedro Pedro.

Esta terça-feira, Londres ainda será o palco da dupla de criadores portugueses Marques’Almeida, que curiosamente foram alunos de Alexandra Moura e a quem foi dada a honra de encerrar a semana de moda londrina.