‘Assuntos de mulheres’? Não, assuntos de todos!

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“Acredito que tiramos relevância aos temas quando nos referimos a ‘assuntos de mulheres‘ e menorizamos o nosso papel sempre que associamos o sexo feminino a algumas matérias”.

A convicção é de Jennifer Roberts, presidente da câmara de Charlotte, numa das cidades mais densamente povoada do estado de Carolina do Norte, nos Estados Unidos da América. A convicção desta autarca é partilhada por outras responsáveis norte-americanas que ocupam posições semelhantes e desenvolvem políticas nas áreas dos cuidados de saúde e do sistema de escolas públicas.

A ‘mayor’ de Baltimore, Catherine Pugh, e a de Salt Lake City, Jackie Biskupski concordam e querem retirar essa designação. “Não se trata apenas de um assunto nosso. É um tema de todos”, refere a primeira. A segunda acrescenta: “Nada do que faço no meu trabalho é assunto de mulheres”.

Catherine Pugh, Jennifer Roberts e Jackie Biskupski [Fotografia: Instagram/Catherine Pugh]

O protesto verbal surgiu no último debate mensal Women Rule, do site de informação Politico e liderado pela editora Carrie Budoff Brown.

Na conversa, foi inclusivamente criticado o facto de matérias como a educação e reprodução serem simplesmente categorizadas como “temas de mulheres”, apontou Roberts, vincando que “toda a gente se preocupa com as escolas e lá porque a maioria dos professores é do sexo feminino, isso não quer dizer que se trate de uma matéria só delas. E toda a gente quer saber de saúde e dos cuidados femininos”, afirma, Porém, também alertou, no programa, que “em matéria educativa”, nota um “maior envolvimento das mães do que do dos pais das crianças”.

Tiroteios que envolvem polícia, medidas de Trump e mulheres

O programa passou pelo tema da violência e dos tiroteios envolvendo polícia – realidade vivida nas três cidades –, nos subsequentes protestos antiviolência e na forma como elas, sendo mulheres e autarcas, lidam com as forças policiais, frequentemente lideradas por homens. A autarca de Charlotte contou que pediu ajuda e apoio a outros autarcas homens para melhor saber lidar com a questão.

A não-eleição de Hillary Clinton para presidente dos Estados Unidos da América deixou, consideram as três autarcas, “um vazio em matéria de liderança feminina”. No entanto, a escolha de Trump como o chefe de Estado veio lembrar a importância de “trazer a liderança e o poder para o nível local”, explicou Biskupski, a autarca de Salt Lake City.

Quando ser a presidente já não é assunto

Catherine Pugh é a terceira mulher negra que, consecutivamente, ocupa a cadeira de ‘mayor ‘ de Baltimore e revelou que ser do sexo feminino já não é tema naquela cidade de Maryland, também a mais povoada e considerada o centro económico e financeiro daquele Estado.

Não há problema quando as mulheres decidem candidatar-se à presidência porque já assistimos a isso”, conta, reiterando que a já não se pergunta se “uma mulher consegue ou não dirigir os destinos da autarquia ou se tem a capacidade, ou se se faz ouvir, ou se consegue convencer os eleitores”.

Imagem de destaque: Shutterstock