A artista plástica portuguesa Helena Almeida está representada na exposição “A Vanguarda Feminista dos Anos 70”, da Coleção Verbund de Viena, inaugurada no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, onde fica patente até 1 de dezembro.
Inserida no programa “Feminismos!”, da instituição, a mostra inclui Helena Almeida na secção “Dona de Casa, Mãe, Esposa” (em tradução livre).
Nesta parte da exposição, ao lado de Helena Almeida, estão 16 artistas com peças que também “mostram, através da ironia, a sua indignação perante o isolamento da mulher nestes papéis” de dona de casa, mãe e esposa, lê-se no comunicado do CCCB, hoje divulgado.
No total, a exposição reúne de mais de 200 obras de 73 mulheres artistas da Europa, das Américas do Norte e do Sul e da Ásia, nascidas entre os anos de 1929 e 1958, como Cindy Sherman, Ana Mendieta, Judy Chicago, Birgit Jürgenssen, Ketty La Rocca, Gina Pane, Martha Rosler e Martha Wilson.
A esta mostra itinerante da Coleção Verbund, de Viena, o CCCB juntou artistas locais como Pilar Aymerich, Eugènia Balcells, Mari Chordà, Marisa González, Eulàlia Grau, Fina Miralles, Àngels Ribé e Dorothée Selz.
“A segunda vaga do movimento feminista dos anos do pós-guerra europeu lutou contra estas restrições [da mulher], argumentando que a esfera da vida pessoal era tão relevante como as esferas pública e política”, explica o documento.
“Com as suas obras, desencadearam, na sociedade ocidental e no mundo da arte, questões radicalmente novas sobre as funções da mulher na sociedade. A contradição das ideias que se ajustavam à norma tradicional era o ponto de união de todas as artistas desta geração”, lê-se na informação hoje divulgada.
“A Vanguarda Feminista dos Anos 70” insere-se no projeto “Feminismos!”, lançado pelo CCCB, que tem por objetivo “promover o diálogo, as continuidades e ruturas entre o feminismo radical dos anos setenta e os feminismos atuais”.
Helena Almeida, artista plástica nascida em Lisboa, em 1934, que estabeleceu a sua própria abordagem à pintura e à fotografia, morreu em setembro do ano passado, em Sintra, aos 84 anos.
Formada em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1955, participou a II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1961, antes de partir para Paris, onde prosseguiu os estudos e contactou o abstracionismo. De regresso a Lisboa, em 1967, expôs pela primeira vez em nome próprio na Galeria Buchholz.
Helena Almeida iniciou então “uma reflexão sobre a autorrepresentação e as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a obra”, que viria a marcar todo o seu percurso, como destaca a sua biografia no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.
“O seu próprio corpo é então encarado enquanto objeto e suporte da obra, temática que a partir de 1975 é desenvolvida através da manipulação de meios como a pintura, o desenho, a gravura, a instalação, a fotografia e o vídeo”, lê-se no ‘site’ do museu.
Assim, “a sua rigorosa e original investigação plástica granjeou-lhe, desde a década de 1970, um forte reconhecimento nacional e internacional”, em que se destacam a representação de Portugal nas Bienais de São Paulo (1979), Veneza (1982 e 2004) e Sidney (2004) e as exposições antológicas em Santiago de Compostela e em Badajoz (2000), no Centro Cultural de Belém (2004), em Serralves (2005) e em Madrid (2008).
As fotografias de Helena Almeida, com formação em pintura, foram sempre registadas pelo marido, o arquiteto e escultor Artur Rosa, também nascido em Lisboa, em 1926.
Sobre o facto de Artur Rosa ter fotografado praticamente todos os seus trabalhos, Helena Almeida explicou, um dia, numa entrevista à curadora Isabel Carlos: “É sempre ele. Porque é importante que as fotografias aconteçam no lugar físico em que eu as pensei e projetei”.
Helena Almeida está representada, entre outras, nas coleções Berardo e Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, na Fundação Serralves, no Porto, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid, na Tate Modern, em Londres, onde entrou na exposição permanente.
“A Vanguarda Feminista nos Anos 70” estará patente até 01 de dezembro, na sala 3 do Centre de Cultura Contemporània de Barcelona.
Imagem de destaque: DR
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