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Brasil, Brasil, onde os corações foram divertidos em junho

Percorra a galeria de imagens para ver peças de design brasileiro
1. Ana Neute; candeeiros de teto Jabuticada e Sputnik; taça compartimentada Luna
2. Brunno Jahara, com prato do serviço Transatlântica para a Vista Alegre; candeeiros de teto Samba, sacas recicladas; coleção Batucada
3. Irmão Campana; sofá Cipria; poltrona Favela; candeeiro de teto Fungo; poltrona Piracuru; lounge Bomboca
4. Carol Gay; saladeira em vidro com riscas métricas; jarra CaramBOLA
5. Fernando Jaeger; tapete Sustentabilidade; candeeiros de teto Carlota; mesinhas Flik; sofá Nando
6. Inês Schertel; luminária Lummarga; vaso Aborg; cesto Centroziczante; manta Giant Blanket
7. Jader Almeida; poltrona Celine; imagem de evento; banco Mark
8. Leo Romano; candeeiro de teto Ottoman; taça Saint James; mesa de encostar Chuva
9. Paulo Mendes da Rocha; chaise PMR; cadeiras Paulistano
10. Sérgio Rodrigues na poltrona Mole; sofá Hauner; poltrona Diz; poltrona Oscar
11. Zanini de Zanine; poltrona Zina; poltrona Moeda; candeeiro Flora; poltrona Serfa

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Numa altura em que o Brasil surge todos os dias nas notícias devido a, como será o termo mais correto, cambalachos?, por parte de uma classe política que aparenta ter cada vez menos escrúpulos e vergonha, o design brasileiro serve como uma espécie de esponja que limpa a lama que vemos nos ecrãs de televisão dia sim dia sim, lembrando-nos de que uma nação não é, mesmo, toda composta pela mesma classe de gente.

Diz-se que brasileiro é português com açúcar. Aliás, brasileiro é quase tudo com açúcar, o design e o mobiliário também. As cadeiras brasileiras inclinam-nos para trás, induzindo o relax; os estofos nunca são retos, mas sim fofos e gordos, mais almofadão que poltrona; e há sempre boa disposição no layout brasileiro, ironia, natureza e contemporaneidade (percorra a galeria de imagens acima para ver peças de design brasileiro).

Para os mais novos de nós, a redescoberta do Brasil – em termos do seu design – aconteceu quando em 2012 morreu Oscar Niemeyer. Este facto, numa altura em que toda a gente já acedia à Internet, fez com que mais curiosos tivessem a possibilidade de conhecer não só o trabalho do arquiteto de Brasília como o de toda a sua geração. É a esta gloriosa época que os desenhadores brasileiros atuais vão buscar raízes e inspiração.

No mais recente Salão do Móvel de Milão, no passado abril, os brasileiros estiveram em força por toda a cidade e foram várias as ações onde se puderam ver marcas e desenhadores do lado de lá do Atlântico, não apenas por sua vontade, mas porque a Europa queria, e quer, ver mais deles e dos seus antecessores.

Zanini de Zanine é por agora o príncipe herdeiro do design brasileiro, não só pelos seus próprios méritos mas especialmente porque é filho de Zanine Caldas, arquiteto autodidata, escultor e mestre carpinteiro da safra de Niemeyer. Toda a sua obra é uma constante homenagem a seu pai e aos seus pares, e tem sido ultimamente convidado para trabalhar com as grandes marcas referenciais de mobiliário e complementos.

Se Zanini é príncipe os irmãos Campana são reis. A dupla tem sido imparável nos mais recentes anos, surpreendendo sempre pela novidade das formas e pelo desapego às tendências de mercado. Quase se poderia dizer que os Campana são, por si, já tendência regular onde outros se inspiram. Admirável no trabalho da dupla é também a busca de parcerias celebradas com artesãos locais, num comércio justo que traz para os holofotes internacionais trabalho que de outra forma permaneceria anónimo.

Já algumas marcas portuguesas procuram brasileiros para assinarem as suas peças

Para além de todas as marcas internacionais que buscam brasileiros para assinarem as suas peças, são já algumas as marcas e as lojas portuguesas que fazem o mesmo. Recentemente, a Poeira mostrou as novidades de Brunno Jahara sob as copas do Jardim da Rua da Imprensa à Estrela e alguns meses antes a Vista Alegre celebrava a entrada do artista na sua lista de designers com o serviço Transatlântica, uma verdadeira ponte sobre o oceano unindo os dois países.

A não perder o palacete Pau-Brasil, em Lisboa, onde se pode encontrar de um tudo com açúcar, mobiliário e complementos também, especialmente a seleção levada a cabo pela QuartoSala, numa curadoria atenta que mostra numa casa um cenário onde se imagina facilmente Jobim à conversa com Niemeyer, esparramados em sofás, enquanto os ainda caçulas Buarque e Elis rapinam da mesa pastéis de acarajé.