Bumba na Fofinha: Pós-parto na capa da ‘WH’ pela saúde mental e pelos corpos reais

Bumba na fofinha
[Fotografia: João Portugal/Women's Health]

“Não há mal nenhum em querer melhorar, nem em ficar mais magra ou ganhar uns quilinhos e andar para trás e para a frente neste processo, desde que isso não se torne uma obsessão e não se torne numa fonte de infelicidade”.

A humorista Bomba na Fofinha é a capa da revista Women’s Health pelo mês da saúde mental, que se assinala em outubro, e pelos corpos reais. Mariana Cabral foi mãe de Clara há quatro meses e, de entre as razões que a levaram a protagonizar esta capa, quer lembrar os estereótipos a que as recém-mamãs estão sujeitas e as perguntas nunca feitas a quem vive os primeiros meses de um bebé em casa.

[Fotografia: DR]

“Fiz questão de não fazer um único abdominal para aparecer nesta capa (e custou resistir ao vício, vocês sabem que trabalhar core é a minha nutella). Segundo, explicar que desde que a Clara nasceu, o elogio que mais ouço é “Uau, nem parece que foste mãe” e eu agradeço, reconheço que a minha dieta à base de pavor existencial tem resultado, de facto estou gostosa e fazia-me”, explicou na sua conta de Instagram.

E prosseguiu: “Outubro é o mês da saúde mental e por isso esta edição da Women’s Health, a revista de referência sobre vida saudável – que costuma ter capas com barrigas quadriculadas de moças com muito mais força interior que eu, e que têm a minha admiração eterna – é sobre o maior atentado à Health das Women: o pós-parto. Esse maravilhoso desporto olímpico de nos mantermos à tona e eu, enquanto medalha de fezes da modalidade, partilho aqui a minha experiência honesta. Porque uma recuperação supersónica é apanágio de poucas (sem o apelido Patrocínio). E se há realidades diferentes, então esta é a minha tentativa de representatividade”, justifica.

 

Ver esta publicação no Instagram

 

Uma publicação partilhada por Bumba na Fofinha (@bumbanafofinha)

“Tenho estrias, varizes, olheiras onde cabe uma cozinha ikea e, acima de tudo, um corpo que gerou um sonho de filha. Sou uma moça de sorte”, sublinha Mariana Cabral na mesma nota publicada nas redes sociais.

Para Mariana Cabral há muito caminho por fazer. “O que falta é trabalhar aquela linha difícil entre uma pessoa aceitar-se como é e a de ter a liberdade de mudar na direção que quer”, pede.

Uma capa de que quer trazer a publicação de saúde e bem-estar para um campo que é mais vasto do que apenas o físico. “Acredito que se deva retirar a atenção que se dá ao corpo e focarmo-nos para além dele, tentando neutralizar o impacto que o modo como se olha para ele tem na vida, no bem-estar e nas decisões de cada um”, refere o diretor Pedro Lucas.

“O princípio, quanto a mim, deve ser o de procurarmos sentirmo-nos bem como somos sem nunca negligenciar a saúde. Ir além do físico. Mais do que o aceitarem, é respeitarem e não o maltratarem. O foco, para mim, deve estar no que o corpo é capaz de fazer, proporcionar, permitir e viver”, acrescenta.