
O jantar de estado oferecido pelo presidente francês Emmanuel Macron e a primeira dama, Brigitte, ao rei Carlos III e rainha Camila, no Palácio de Versailles, nos arredores de Paris, contou com muitos metros de mesa, pratos elaborados e até a raríssima lagosta azul, e convidados como o cantor Mick Jagger, o ator Hugh Grant, a cantora Charlotte Gainsbourg ou a estreia do futebol Didier Drogba.
Uma noite em que o rei Carlos III pediu a “revigoração” da amizade franco-britânica, enquanto o chefe de Estado francês Emmanuel Macron apontou a visita do monarca a França como um “tributo ao passado” e “garantia do futuro”.
Quando à primeira-dama francesa e à rainha Camilla, ambas escolheram um azul a homenagear as bandeiras dos países que representam. A primeira escolheu uma peça da casa de luxo francesa Louis Vuitton e a segunda elegeu um vestido e capa longos da autoria de Maria Grazia Chiuri, da Dior.
Antes, Camilla tinha comparecido na cerimónia que decorreu no Arco do Triunfo em Paris com um longo casaco rosa claro da marca britânica Fiona Clare Aldridge.
Nos discursos durante a soirée no Palácio de Versailles, Carlos III vincou que “cabe a todos nós revigorar a amizade para que esteja à altura dos desafios deste século XXI”, após a turbulência causada pelo Brexit.
Carlos III elogiou o facto de Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, terem iniciado uma renovação das relações entre os dois países, durante uma cimeira franco-britânica em março no Eliseu, a primeira em cinco anos.
Emmanuel Macron agradeceu, por sua vez, ao rei Carlos III pela sua visita de Estado a França, poucos meses após a sua coroação, considerando este “um sinal de amizade e confiança”, bem como um “tributo ao passado” comum e uma “garantia do futuro”.
“Apesar do Brexit, porque o que nos une vem de tão longe e o senhor está aqui hoje, Sua Majestade, sei que continuaremos a escrever juntos parte do futuro do nosso continente, a enfrentar os desafios e a servir as causas que temos em comum”, realçou o Presidente francês a partir do imponente cenário da Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes.
As relações franco-britânicas “nem sempre foram pacíficas”, mas este “movimento de oscilação, esta dança de hesitação contribuiu para entrelaçar os nossos destinos”, acrescentou o governante.
As memórias de Isabel II em Versailles
A troca de palavras entre os duas figuras ficou também marcada pela memória da mãe de Carlos III, a rainha Isabel II, que tinha sido recebida para almoçar no mesmo local em 1957 e nutria “o maior carinho pela França”, como recordou o filho. “Pensamos profundamente nela e no príncipe Filipe, ao recebê-los esta noite com a rainha”, sublinhou Emmanuel Macron.
O rei contou como a sua mãe, então princesa herdeira, e o seu pai dançaram “até de madrugada” num famoso cabaré parisiense “enquanto Edith Piaf cantava”, durante uma visita à França em 1948.
O Rei Carlos III do Reino Unido iniciou hoje uma visita de Estado de três dias a França, destinada a realçar a amizade entre os dois países, depois de a viagem ter sido adiada em março. A deslocação acontece seis meses depois de ter sido adiada devido à contestação social violenta às reformas das pensões em França, viagem que teria sido a primeira do sucessor de Isabel II ao estrangeiro.
Na quinta-feira, Carlos III vai discursar perante os parlamentares franceses no Senado, e depois juntar-se a Macron junto à Catedral de Notre-Dame para ver os trabalhos de renovação em curso com o objetivo de reabrir o edifício até ao final do próximo ano.
O rei terminará a viagem na sexta-feira com uma paragem em Bordéus, onde vai encontrar-se com pessoas afetadas pelos incêndios florestais de 2022 na região e visitar a Forêt Experimentale, um projeto concebido para monitorizar o impacto do clima nas florestas urbanas, e uma vinha pioneira numa abordagem sustentável da produção de vinho.