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Como dar férias à ‘mãe-galinha’ que há em si. E ajudar os filhos a serem confiantes

[Fotografia: Istock]

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O medo do arranhão, da nódoa, da lágrima e do confronto dos filhos para com a realidade também têm de tirar férias. E tal só pode acontecer se a vigilância de mães e pais baixar a guarda, promovendo a possibilidade de ter crianças mais capazes e confiantes em lidar com os problemas do quotidiano.

É isto que defende a psicóloga clínica e psicoterapeuta infantojuvenil Inês Afonso Marques. “Ao tomarem todas as decisões pelos filhos, ao substituírem-se a elas nas mais diversas tarefas, ao protegê-los do contacto com falhas e erros, os pais estão a colocar os filhos numa posição de vulnerabilidade”, analisa a especialista no novo livro Crianças Confiantes, Crianças Capazes” [Editora Manuscrito].

Para a autora e psicóloga, é o futuro dos filhos que está em causa: “Eles terão maior dificuldade em tomar decisões, em lidar com os desafios da vida, em gerir o seu tempo, o seu dinheiro, as suas emoções, as suas ações e as suas relações.”

Por considerar que as férias são a altura ideal para interromper rotinas e criar novas, com tempo para esperas e para tentativas, Inês Afonso Marques revela ao Delas.pt quatro frases que podem revolucionar o crescimento das crianças e acabar com aquela atitude de ‘mãe-galinha’, como se diz na expressão popular.

As férias, por constituírem períodos de tempo menos afetados por agendas apertadas e stresse de afazeres, são boas oportunidades para dar tempo e incentivo para as crianças experimentarem, aprenderem, criarem novos hábitos”, reitera a psicoterapeuta infantojuvenil

Veja abaixo que recomenda a especialista, tendo em conta a lista de atividades que as crianças podem cumprir, por idades.

Agora faz isto. Porque é que não brincas com aquilo? E agora podias entreter-te com esta atividade…

“Achar que as crianças têm de ter o tempo todo ocupado com atividades escolhidas pelos pais, porque receiam que as crianças se aborreçam por não terem nada definido para fazer, é um erro frequente.

O (suposto) aborrecimento é um estímulo à curiosidade, à autodescoberta, à capacidade de resolver problemas. Os pais devem dar oportunidades para as crianças gerirem algum do seu tempo, de forma autónoma e livre.”

Eu faço (o pequeno-almoço, a cama, a mochila da praia…) porque tu estás de férias

“Em princípio, os pais também estarão de férias, merecendo o seu descanso, ou estão a trabalhar, ficando ainda mais sobrecarregados.

Os pais devem incentivar a autonomia dos filhos, estimulando-os a participar em tarefas que os ajudem a sentirem-se capazes e, muitas delas, a sentirem que podem contribuir para o bem-estar comum.”

Não andes a equilibrar-te nesses troncos porque vais cair e magoares-te a sério e não dava jeito ir para o hospital.

“As crianças precisam de correr alguns riscos e sair das suas zonas de conforto para desenvolverem um vasto leque de competências emocionais, sociais, físicas e cognitivas, essenciais para crescerem capazes e resilientes.

Os pais devem seguramente estar atentos e proteger de situações perigosas, mas perceber que há riscos (exemplo: esfolar o joelho, ouvir um não quando convida outra criança para brincar, deixar cair ao chão um ovo que tenta abrir para fazer um bolo…) que são oportunidades de aprendizagem.”

Deixa que eu faço porque faço melhor ou mais depressa.

“Obviamente que se nunca tiverem oportunidade de treinar, dificilmente um dia mais tarde terão facilidade em fazer bem ou rápido. Costumo dizer que mais vale uma cama com os lençóis pouco esticados, do que uma cama nunca feita. Qualquer aprendizagem é um processo e as crianças precisam que os pais lhe proporcionem oportunidades para experimentar e para, se for caso disso, errar.