Congelar alimentos é uma prática comum em qualquer família, ainda mais agora em que, por via do confinamento social, se deve evitar ir às compras com frequência para reduzir ao mínimo o risco de propagação do vírus Covid-19. Ora, não só se cozinha mais em casa, como é bem provável que tenha de haver um maior armazenamento.
Se nem todos os alimentos podem ser congelados, os que o podem ser também obedecem a um prazo de validade, embora muitas pessoas o desconheçam. Mais: Para que não se degradem, é importante cumprir algumas regras antes da sua congelação.
O frio atrasa o desenvolvimento de agentes patogénicos nos alimentos, fazendo com que não se estraguem tão rapidamente, mas a potência do eletrodoméstico também é bastante importante e influencia o prazo de validade de cada alimento congelado. Segundo Miguel Ángel López, professor de Ciências e Tecnologia da Universidade de Ciências Gastronómicas do Basque Culinary Center, a potência do congelador deve “ser rápida e uniforme”.
A maioria dos eletrodomésticos que se tem em casa são de três ou quatro estrelas, o que significa que, no caso de um congelador de três estrelas, é possível chegar aos 18 graus negativos, enquanto que com um congelador de quatro estrelas se atingem os -24 graus. Ambas são boas temperaturas para armazenar alimentos, de acordo com o professor.
Prazo de validade de cada alimento
O pão, bolos, carnes, peixes, sopas e purés são os alimentos com prazo de validade mais longo durante o período de congelamento, segundo o especialista, também responsável pela segurança alimentar do Basque Culinary Center. Quanto mais gorduroso for, menos durará. Mas nem tudo precisa de ser congelado.
“Não compensa congelar alimentos que, depois, se vão consumir crus, como é o caso da alface, tomate, e da cebola. Também não se deve congelar arroz porque os grãos acabam por se partir. A massa não deve ser porque fica com a textura alterada, as batatas ficam duras e os fritos nunca mais voltam a ficar crocantes”, avisa o professor de Ciências e Tecnologia.
As salsichas, nunca devem ser congeladas. “As salsichas, o chouriço ou o presunto não voltar a ter o mesmo sabor porque a gordura, uma vez descongelada, fica a saber a ranço”, afirmou Miguel Ángel López.
Os vegetais, por sua vez, devem ser cortados e cozidos antes de serem colocados no congelador para evitar que sequem com o frio. Já o peixe fresco tem mesmo de ser congelado em casa para evitar que quem o consome seja contagiado por anisakis, um parasita presente em várias espécies que afeta o tubo digestivo.
“Não há outro remédio sem ser congelar. Tem de se submeter o peixe a pelo menos 20 graus negativos durante 24 horas ou a 18 graus negativos durante dois dias”, recomenda o especialista.
O ideal é que cada alimento não esteja congelado durante mais de seis meses “para evitar que se reproduzam bactérias”, alerta o chef Erwan Poudoulec, diretor técnico do Le Condon Bleu Madrid. Na hora de descongelar, só deve utilizar a ajuda do microndas se for cozinhar os alimentos logo de seguida.
Dicas essenciais para o correto congelamento
Cada símbolo em forma de estrela nos congeladores equivale a menos seis graus de temperatura. Se o eletrodoméstico tiver três estrelas significa que é capaz de chegar aos 18 graus negativos. Caso tenha quatro estrelas chega aos 24 graus negativos.
O queijo é o único alimento gorduroso que pode ser congelado, configurando uma exceção. Todos os outros não devem.
O volume das sopas e purés aumenta quando estes alimentos são congelados. Tenha isso em conta e coloque-os dentro de recipientes que lhes deem espaço para aumentar de volume.
Quando é fresco, o peixe tem de ser congelado para se livrar o parasita anisakis, que só morre quando o peixe está congelado a, pelo menos, 20 graus negativos durante 24 horas ou 18 graus negativos durante dois dias.
Se vai congelar vegetais, prepare-os, corte-os e mergulhe-os em água a escaldar. Retire-os rapidamente, escorra-os. Só depois pode embalar e congelar. Já agora, não desperdice a água que restou e faça uma sopa nesse caldo.
