Alguém se lembra do Creme de Rosto da Benamôr ou do creme de mãos Alantoíne? E do Bronzaline que foi o primeiro protetor solar nas praias portuguesas? Todos eles têm uma coisa em comum: a fábrica Nally, fundada em 1925 por três farmacêuticos que começaram a explorar as suas receitas de beleza no número 189 do Campo Grande.
Se lhe parece estranho e encantador que tenha nascido em pleno coração de Lisboa uma fábrica de cosmética, mais surpreendido vai ficar ao saber que não só a Nally nasceu no Campo Grande, como se manteve por lá, sempre em funcionamento, até 2010. Contam os trabalhadores mais antigos da fábrica que muitas vezes era complicada toda a logística de uma farmacêutica em plena cidade. Ainda assim, e com todas as dificuldades práticas, os cremes Benamôr eram e são, ainda hoje, um sucesso de venda, tendo clientes fiéis de todas as idades, os mais velhos conquistados pelo hábito e pela tradição, os mais novos encantados pela história e pelo design apelativo, para além dos aromas e das texturas ricas.
A Nally foi durante muito tempo a maior empresa cosmética portuguesa tendo conquistado ilustres clientes, entre os quais a Rainha D. Amélia durante o seu exílio e Oliveira Salazar, que enviava o seu motorista à fábrica para comprar o Petróleo Químico Nally, um dos primeiros produtos antiqueda de cabelo existentes em Portugal.
Os anos passaram e a fábrica mudou-se para Alenquer onde produz para marcas internacionais e relança a marca Benamôr. Há três anos Pierre Stark começou as negociações para comprar esta verdadeira pérola portuguesa, conheceu a Benamôr através de Catarina Portas e da Vida Portuguesa, tendo ficado encantado pelo creme de mãos Alantoíne. Juntou-se então a Filipe Serzedo e a Takehide Takasa para relançar a marca, num posicionamento de perfumaria de luxo acessível, mantendo o ADN tradicional e despretensioso da marca, que acredita serem dois dos pilares da sua enorme longevidade.
Para recomeçar foram lançadas 5 linhas de produtos, mantendo-se os tradicionais Créme de Rosto, Alantoíne e o Gordíssimo, a estes juntaram-se Jacarandá e Rose Amélie. As receitas são as tradicionais, sendo apenas melhoradas, agora não têm parabenos e a parafina mineral foi substituída por vegetal. Para além dos aromas deliciosos que fazem lembrar a ternura das avós, há outro fator nestes produtos que nos faz viajar no tempo: as bisnagas de cores ternas e design arte déco.
Mas nesta marca ser tradicional não implica deixar de ser atual e a reinvenção passou também por um novo logótipo e imagens de campanha feitas por quem já teve como cliente a Chanel. Esta história tem por isso tudo para continuar a ser escrita através de gérações e para conquistar o mundo, até porque como Pierre nos confidenciou “ainda há muitas receitas de beleza para explorar.”
Os produtos Benamôr estão disponíveis na Vida Portuguesa, no Corte Inglés e em farmácias selecionadas com preços que variam entre os €4,50 e €12,50. Um luxo acessível com uma assinatura bem portuguesa.