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Dá o telemóvel ao seu filho para parar de chorar? Não volte a fazê-lo

Percorra a galeria de imagens para ver dicas de Rosário Carmona e Costa para combater a dependência que as suas crianças têm dos ecrãs
Estabeleça regras de utilização dos ecrãs e obrigações muito claras para a vida offline, ou seja, "o que cada um dos jovens tem de cumprir antes de ter acesso a qualquer ecrã", explica Rosário Carmona e Costa
Promover um leque muito mais variado de interesses e capacidades: "É um fator muito importante com o qual a maioria dos pais não se preocupa. Um jovem precisa de ter interesse em ir para a rua, estar com os amigos, desenvolver competências no desporto, nas artes. Precisa de sair e estar offline"
Não os deixe levar o telemóvel para o quarto: "Tanto crianças como adultos costumam consultar o telemóvel antes de dormir e perdem horas. Consultam uma última vez a rede social, mas depois aparece outro link, seguem-no e vão ainda ver mais uma vez o WhatsApp. Acabam por fazer pesquisa aleatória"
Não cometa estes dois erros: "Os dois principais erros cometidos por pais e educadores são, segundo Thomas Phelan, demasiada conversa e demasiada emoção"
Dedique tempo: "Dedique, pelo menos, 15 minutos diários de atenção exclusiva ao seu filho. Tanto com filhos mais pequenos como com filhos adolescentes, faça deste 'tempo especial' um tempo e espaço sem juízos ou controlo. Mostre-se verdadeiramente interessado pelo que a criança está a fazer ou pelo que o seu adolescente está a passar"
Se elogiar mais, vai ralhar menos: "Um elogio, para ser eficaz, precisa de: a) Ser dado imediatamente; b) Ser direto e concreto; c) Dizer respeito apenas a uma ação sem vir com alguma crítica mascarada associada; d) Se pretende a mudança, concentre-se no essencial; e) Não espere a perfeição
Dê ordens como deve ser: "Qual é a receita? a) Dar uma ordem de cada vez; b) Dar ordens realistas; c) Dar ordens claras; d) Dar ordens afirmativas; e) Dar ordens sem se zangar; f) Dar ordens pela positiva; g) Dar tempo para cumprir a ordem; h) Dar opções
Não vacile em público: "Identifique ou faça uma listas das situações que são mais problemáticas. Antes de enfrentarem qualquer das situações que anteriormente listou, deve conversar com o seu filho, antecipar o que vai acontecer, que regras exige que cumpra e qual será a consequência se não o fizer

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Da próxima vez que estiver num local público com os seus filhos ou qualquer outra criança, não lhes dê um smartphone ou tablet para os manter calados, mesmo que desatem aos berros. Deixe-os chorar e fazer grandes birras. É para o bem deles e só vai custar nas primeiras vezes. Depois passa. Quem o diz é Rosário Carmona e Costa, a psicóloga especialista em adição à Internet, cyberbullying e psicologia da web que lançou o livro iAgora? para ajudar os pais a libertar os filhos da dependência dos ecrãs.

“Num primeiro momento vai descontrolar-se, mas depois vai aprender que o descontrolo só trouxe coisas negativas: ou as pessoas ignoraram ou ficou de castigo porque partiu qualquer coisa. Ao darmos um telefone, a criança para a birra porque se distrai. No entanto, isto não deixa de ser um reforço, o telemóvel era aquilo que ela queria. No fundo, os pais não estão a deixar que as crianças desenvolvam a competência de que vão precisar no dia em que tiverem de levar com 90 minutos de Física e Química e não gostarem, ou pedirem em namoro uma rapariga e ela não quiser. É preciso ensinar as crianças a frustrar e lidar com os sentimentos que esta frustração gera”, explica ao Delas.pt Rosário Carmona e Costa.

Dar um dispositivo móvel a uma criança só para ela parar de chorar é o mesmo que dar-lhe um brinquedo depois de uma birra no supermercado. A única diferença é que a maioria dos brinquedos são caros, enquanto esticar a mão e dar o telemóvel não custa nada.

“Na maioria dos casos que vejo, a criança ainda nem fez a birra e já tem o telemóvel. Vejo pais a entrarem no supermercado, meterem os miúdos no carrinho e darem-lhes o telefone. Num restaurante, o miúdo ainda nem sequer se sentou e os pais já estão a tirar o telemóvel ou tablet da mala para estar entretido enquanto eles jantam. As crianças nem têm oportunidade de perceber como se devem comportar em determinados sítios porque os pais acham que eles só ficam bem se estiverem entretidos e dão-lhes logo os tablets para as mãos”, alerta a autora de iAgora?.

Caso o seu filho já seja adolescente, não faça este tipo de birras mas passe a maior parte do tempo em casa agarrado ao telemóvel ou computador, é melhor esforçar-se para perceber o que se passa. Se não conseguir alterar a situação, peça ajuda a um psicólogo. Pode já estar a lidar com elevados níveis de ansiedade ou estar a passar por uma depressão.

“Em regra geral, um jovem que utilize excessivamente a Internet já tem ansiedade e depressão. Refugiam-se nos computadores porque é mais fácil. A Internet satisfaz muitas necessidades que eles não conseguem satisfazer offline. Um miúdo que utilize muito as redes sociais é, normalmente, um miúdo com uma vida social mais pobre, mais enfraquecida. Não significa que os outros não usem, mas conseguem uma utilização mais equilibrada porque têm uma vida social satisfatória e querem-na fora de casa, algo que é típico da adolescência, sair de perto dos nossos pais”, sublinha Rosário Carmona e Costa.

Como acabar com o vício?

Muitos pais deixam os filhos passar horas a jogar em consolas, computadores, tablets e telemóveis porque têm a ilusão de que assim, fechados em casa, estão mais seguros. Mas não passa disso mesmo: pura ilusão.

“É uma segurança aparente. Os pais acham que a criança por estar no quarto está muito protegida, mas não está. Não só não está protegida de predadores e de outras invasões como, não tendo noção dos riscos, pode dar dados da família, como a morada e outras localizações”, afirma a psicóloga especialista em cyberbullying.

Na galeria de imagens acima damos-lhe algumas dicas de Rosário Carmona e Costa para combater a dependência que as suas crianças têm dos ecrãs e ensiná-las a gerir o tempo que passam com telemóveis, tablets, consolas e computadores.

Ficha técnica do livro:

iAgora?, de Rosário Carmona e Costa. Editora A Esfera dos Livros, 14,90 euros