Discriminação capilar pode vir a ser crime nos Estados Unidos da América

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[Fotografia: cottonbro/Pexels]

Os Estados Unidos estão perto de aprovar uma lei que proíbe a discriminação com base no tipo ou estilo do cabelo, um problema que afeta principalmente quem usa cabelo ‘afro’, com tranças ou com rastas.

A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na sexta-feira, 18 de março, um projeto de lei que reconhece que os afrodescendentes foram de forma “rotineira” privados de oportunidades educacionais ou laborais por causa dos seus cabelos.

O projeto de lei, que ainda não foi debatido no Senado, procura tratar a discriminação capilar como um crime semelhante à discriminação racial ou pelo país de origem, sob as leis de proteção dos direitos civis.

Esta medida foi promovida por Bonnie Watson Coleman, a primeira mulher afro-americana a representar o Estado de Nova Jersey no Congresso e uma feroz defensora dos direitos das mulheres negras.

“Para os afro-americanos, deixar crescer o cabelo natural é muitas vezes considerado ‘não profissional’ simplesmente porque não está de acordo com os padrões de beleza branca. A discriminação contra o cabelo afro-americano é discriminação contra os afro-americanos”, salientou Coleman, em comunicado, após a aprovação do projeto.

A congressista conta com o apoio de um grande grupo de parlamentares com raízes africanas, como Ilhan Omar, nascida na Somália e que cobre o cabelo com um ‘hijab’.

Ilhan Omar e Rashida Tlaib foram as primeiras mulheres muçulmanas a serem eleitas para o Congresso dos EUA, em 2018.

O projeto de lei foi aprovado com 235 votos a favor, todos os democratas e 14 republicanos, enquanto 189 conservadores votaram contra.

Durante o debate, os republicanos argumentaram que esta medida não é uma prioridade nos Estados Unidos, que atravessam uma inflação inédita em décadas e uma escalada nos preços dos combustíveis, próximos de máximos históricos.

No entanto, a deputada afro-americana Barbara Lee atacou os republicanos: “A cada passo que dão, os republicanos tentam diminuir a humanidade das comunidades de cor e, mais uma vez, defender a supremacia branca”.

Esta iniciativa aprovada pela Câmara dos Representantes é semelhante aos projetos de lei já aprovados em 15 dos 50 estados norte-americanos e em 30 cidades, para proibir a discriminação com base no tipo ou estilo do cabelo.

LUSA