“Estragar a série da Netflix ia ser qualquer coisa”. Ana Capeta e a bola ao poste dos EUA, no Mundial

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[Fotografia: Ben Stansall / AFP]

“Foi por meros centímetros que não concretizámos mais um sonho. O maior sonho de todas enquanto jogadoras de futebol foi concretizado. Estivemos no primeiro Mundial de Portugal. Acho que fomos competentes e merecíamos mais, não só por aquilo que fizemos hoje, mas pelo que produzimos nos três encontros”, revelou a ponta de lança do Sporting, Ana Capeta, no fim do jogo de terça-feira, 1 de julho, na Nova Zelândia, e que acabou empatado.

A futebolista pôs o estádio e os espectadores em suspenso quando, aos 92 minutos e em período de compensação, surpreende com um remate. Por centímetros a bola não entrou e bateu no poste, mas o momento histórico já ninguém lhe e nos tira. “Estragar a série da Netflix [que está a ser rodada em pleno Mundial junto da seleção dos Estados Unidos] ia ser qualquer coisa, mas pronto. Podíamos ter invertido esses papéis”, afirmou.

A imprensa norte-americana, nas suas edições online, diz que Portugal esteve perto de protagonizar um dos “maiores escândalos” da história do Campeonato do Mundo feminino de futebol e aponta a passagem dos Estados Unidos como um “milagre”. Os jornais norte-americanos dão praticamente todos destaque ao lance de Ana Capeta, já nos descontos, com a jogador portuguesa, isolada, a rematar ao poste, mantendo-se assim o ‘nulo’ até final, resultado que garantiu os oitavos de final às norte-americanas, atuais bicampeão mundiais.

“Foi um jogo mais disputado do que esperado. Os Estados Unidos sobreviveram mas, se não fosse um poste, tinha sofrido a maior derrota da sua história”, lê-se no USA Today, publicação que lembra que as norte-americanas nunca foram eliminados numa fase de grupos de um Mundial.

“Se não fosse o poste, a equipa estaria a fazer as malas para a viagem de regresso”, acrescenta.

O Washington Post fala numa equipa dos Estados Unidos “completamente perdida” e que acabou salva pelo “milagre do poste”. Por seu lado, o New York Post realça a exibição portuguesa e considera que a seleção comandada por Francisco Neto esteve perto de protagonizar um dos “maiores escândalos” de um Campeonato do Mundo.

“Fomos muito superiores”

Sobre a sua bola ao poste, Capeta contou que nem viu, mas sonhou. “Acabo por nem ver o meu remate porque caí no chão e só vi a bola a ressaltar no poste. Confesso que sonhei naqueles milésimos de segundo em que fui ao chão. Sonho em todos os remates e desde que entro em campo. Sonhei que poderíamos estar a fazer história e eliminar os Estados Unidos pela primeira vez numa fase de grupos. Quem viu esta partida em casa e não souber que os Estados Unidos são campeões do mundo, acho que não ficou a saber. Fomos muito superiores.”

Por fim, a atleta deixou claro que “temos vindo a criar boas exibições”. E detalhou: “Como equipa, temos uma coisa que muitas não têm. Somos muito unidas dentro de campo e aquilo que podemos não ter em técnica ou tática temos em raça e querer. Nunca nos vencerão nisso. O balanço que faço é que estamos cheias de orgulho. Foi um Mundial positivo. Espero que tenha sido o primeiro de muitos”.

CB com Lusa