Estudo recomenda mamografias a partir dos 30 para mulheres com três fatores de risco

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Um novo estudo apresentado, no final de novembro, no encontro anual da Radiological Society of North America, e divulgado pela Science Daily, recomenda a realização de rastreios ao cancro da mama, através de mamografias, a partir dos 30 anos, para mulheres com um de três fatores de risco específicos: mamas densas, histórico pessoal de cancro da mama e histórico familiar de cancro da mama.

A investigação analisou dados de mais de 5,7 milhões de mamografias realizadas em mais de 2,6 milhões de mulheres, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2015, em 150 instituições médicas, em 31 estados norte-americanos.

Para o estudo, os investigadores, compararam as métricas das mamografias em mulheres com idades entre os 30 e os 39 anos com aquelas três fatores de risco específicos e mulheres com idades entre os 40 e 49 anos, sem esses fatores de risco, usando a Base de Dados Nacional de Mamografias, que contém, além do registo de mais de 19 milhões de exames, informações demográficas e clínicas, descrições das mamografias e resultados de biópsias.

A conclusão foi de que, no geral, as mulheres com idades entre os 30 e 39 anos, com pelo menos um daqueles fatores de risco, apresentavam taxas de deteção do cancro da mama, de repetição ou realização de exames complementares (ultrassonografia ou ecografias mamárias) e de valor preditivo positivo significativamente mais altas que as de outras mulheres da mesma faixa etária. Além disso, quando comparadas as incidências desses exames em mulheres com idades compreendidas entre 40 e 44 (grupo etário a partir do qual são recomendadas mamografias anuais, nos EUA), e risco médio, com as de mulheres na faixa dos 30, com um dos três fatores de risco analisados, as taxas de deteção de cancro e de exames complementares são idênticas.

Cindy S. Lee, responsável pelo estudo e professora de radiologia na Universidade Langone Health, em Nova Iorque, lembra que “as mulheres com menos de 40 anos não têm sido o centro das atenções no que toca ao cancro da mama”. “Toda a gente fala da faixa entre os 40 e os 49 anos, e não da faixa dos 30 aos 39. É difícil estudar este grupo porque a maioria das mulheres nesta faixa etária não faz mamografias, mas muitas dessas jovens mulheres têm um risco elevado de ter cancro da mama e poderão precisar de exames radiológicos mais cedo ou suplementares”.

Por isso, a investigadora defende que “as mulheres com um dos três fatores de risco em análise podem beneficiar se começarem a realizar mamografias [anuais] a partir dos 30 anos, em vez dos 40” atuais.

Cindy S. Lee salienta ainda que a densidade mamária é um fator de risco importante a considerar no cancro da mama, mas é excluído de grande parte dos modelos de risco analisados.

Portugal passou mamografias dos 45 para os 50 anos

Em setembro de 2017, um despacho do Ministério da Saúde veio “uniformizar critérios” nos programas de rastreio a doenças oncológicas, estabelecendo que o rastreio ao cancro da mama passasse a ser feito dos 50 aos 69 anos, com uma mamografia a cada dois anos.

Antes disso, o rastreio iniciava-se aos 45 e de acordo com o mesmo despacho, as utentes entre os 45 e os 50 anos que já tenham iniciado o programa de rastreio antes da introdução das alterações deveriam ser mantidas nesse sistema.

Em Portugal, há seis mil novos casos por ano, segundo os dados mais recentes, mas a taxa de sobrevivência é também das mais altas, atingindo quase 90%.

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