Ano e meio depois de o Supremo Tribunal norte-americano ter retrocedido na lei federal que permitia o direito constitucional ao aborto, deitando por terra uma conquista definida há quase meio século e que ficou conhecido como Roe v. Wade, começam a chegar os primeiros relatos dos impactos daquela decisão na vida de milhões de pessoas.
Para lá da influência direto sobre a saúde, a vida e o corpo das mulheres, o receio que o fim do direito veio trazer está a afastar solteiros norte-americanos até aos 50 anos da intimidade.
Os resultados do estudo anual do Match Group [que detém plataformas de encontros como o Tinder e o Hinge], com uma amostra de cinco mil pessoas, diz notar alterações de comportamento após a reversão do clausulado Roe vs Wade e a mais evidente é a de que mais de uma em cada dez pessoas solteiras inquiridas e até aos 50 anos dizem que estão a ter menos sexo. Pelo segundo ano consecutivo, as conclusões apontam para o facto de a perda de um direito como o aborto está a mexer com as relações e com a libido.
Olhando ao detalhes para os resultados (que pode consultar na globalidade e no original aqui), um em cada dez inquiridos afirma que, quando faz sexo, fica mais nervoso ou ansioso. Ou seja, para lá da restrição, a experiência sexual ameaça ficar comprometida por não ser vivida na sua plenitude.
Segundo a análise, 13% dos inquiridos afirmou ter mais medo agora engravidar ou de poder vir a ser pai e 11% revela que faz menos sexo casual desde junho de 2022, quando a lei foi revertida.
Uma decisão que, no caso das mulheres, pesa no voto e também nas opções de contraceção. Segundo o estudo, mais de 1/4 das inquiridas (26%) revelou que a perda deste direito vai repercutir-se no voto, o que compara com 18% dos homens.
No que diz respeito a anticoncecionais: 7% das mulheres reviram o seu modelo de prevenção e estão a usar dispositivo interino e 5% afirmou ter feito uma vasectomia depois da decisão do Supremo Tribunal.