Há cada vez mais infeções transmitidas por animais. Eis as razões

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[Fotografia: Pexels/Artem Podrez]

O maior receio da ciência ficar diante de novas pandemias. Na verdade, o número de doenças e infeções que são transmitidas por animais a humanos têm vindo a multiplicarem-se nos últimos anos, sobretudo nas últimas duas a três décadas. Entre elas, destaque pra vírus como Varíola do macaco, SARS, SROM, ebola, gripe aviária, zika, HIV e, possivelmente, covid-19. As zoonoses, doenças transmitidas ao homem pelos animais, multiplicaram-se nos últimos anos, fazendo temer o surgimento de novas pandemias.

Mas porque tal acontece? Ao expandir sua presença em áreas cada vez maiores do planeta, o ser humano contribui para perturbar o ecossistema e promover a transmissão de vírus. Ao mesmo tempo, a intensificação da pecuária industrial aumenta o risco de propagação de patógenos entre animais e o comércio de animais selvagens é outro fator que aumenta a exposição humana aos micróbios que eles podem transportar. Ciência aponta ainda o desmatamento como fator de risco de contato entre vida selvagem, animais domésticos e populações humanas.

Fatores a que se aliam as mudanças climáticas. Segundo um estudo publicado em 2022 na revista Nature, estas alterações podem levar muitos animais a fugirem dos seus ecossistemas para terras mais habitáveis. Ao fugirem podem misturar-se com espécies que vão transmitir mais os vírus, favorecendo o surgimento de novas doenças potencialmente transmissíveis ao homem.

As pandemias “surgirão com mais frequência, vão-se propagar mais rapidamente, matarão mais pessoas”, alertou o Painel de Especialistas em Biodiversidade da ONU (IPBES) em outubro de 2020.

Segundo estimativas publicadas na revista Science em 2018, há 1,7 milhão de vírus desconhecidos em aves e mamíferos, e entre 540 mil e 850 mil deles “teriam a capacidade de infetar humanos”.

Mas, acima de tudo, a expansão das atividades humanas e o aumento das interações com a vida selvagem multiplicam o risco de que os vírus capazes de infetar humanos “encontrem” seu hospedeiro.

com agência