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Há homens que tendem a confundir interesse sexual com consentimento

Fique a conhecer os sinais que a devem deixar em alerta [Fotografia: Shutterstock]
Toques indesejados: A mesma psicóloga e professora em Estudos de Mulheres da Universidade de Windsor vinca que o gesto sem consentimento pode ser um sinal de aviso claro e pode não ser necessariamente sexualizado. [Fotografia: Shutterstock]
Exercício de poder: Se alguém tenta demonstrar alguma forma de poder sobre outra pessoa, isso dar uma indicação à qual se deve prestar atenção. Entre os comportamentos que se enquadram neste tipo de atitude estão, de acordo com a professora Charlene Y. Senn, “os comentários que sexualizam situações comuns” ou “relações que não tem conotação sexual”. [Fotografia: Shutterstock]
Persistência: Não sendo necessariamente de natureza sexual, a insistência por parte de alguém pode ser denunciadora de formas de coação sociais. “Um homem que insiste em fazer algo de determinada forma mesmo sabendo que a pessoa com quem está a recusa essa opção”, explica a professora. [Fotografia: Shutterstock]
Isolamento: O risco de agressão sexual aumenta quando, explica a especialista, uma situação comportamental e circunstâncias coincidem. Um dos exemplos que justifica isto mesmo é o isolamento. Um homem que está na iminência de pisar o risco nesta matéria, já se terá certificado – na medida do possível - que estará sozinho com a mulher. [Fotografia: Shutterstock]

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Há homens que têm maior propensão a pensar que o histórico sexual das mulheres e o desejo inicial por elas manifestado são indicadores claros de consentimento para uma relação sexual, mesmo que depois exista uma negação verbal.

A conclusão parte de um estudo publicado no início deste mês, no Journal of Interpersonal Violence (e que pode encontrar aqui), e que pretende debater a agressão e assédio sexual nas universidades, realidade que está a gerar uma crescente preocupação social. Sobretudo, porque se trata de uma vivência que é acompanhada, por um lado, com o aumento de consumo de álcool e de outras substâncias e, por outro, com uma maior liberdade dos jovens face à supervisão e controlo parental.

Escutados 145 jovens universitários americanos heterossexuais, os investigadores estão a tentar perceber quais deles -e em que circunstâncias – estão mais predispostos a ter comportamentos sexuais agressivos sobre as mulheres. A experiência passou por submeter os participantes da amostra a vários cenários de cariz sexual e levá-los a falar sobre as perceções em torno de um eventual consentimento dado pelo sexo feminino naquelas mesmas situações.

Na galeria acima, recorde os sinais de alerta para o assédio sexual.

A investigação levada a cabo na Universidade nova-iorquina de Binghamton revela que, mesmo em casos masculinos com história sexual com alguém, a recusa verbal por parte da mulher não levada em conta, mantendo que a parceira em causa terá mesmo dado aval para um encontro de natureza sexual.

Richard Mattson [Fotografia: DR]
“Constatamos que a forma pela qual a mulher comunicava suas intenções sexuais, que é a recusa verbal versus resposta passiva teve o maior efeito das perceções masculinas”, disse Richard Mattson, psicólogo, professor naquela instituição universitária e investigador em áreas como a satisfação e funcionalidade nas relações e a violência no seio da intimidade.

Em comunicado emitido pela Universidade,foi ainda referido que as conclusões “também sugerem que alguns homens tentaram seriamente determinar se o consentimento foi dado, mas, no entanto, dependiam de descrições sexuais questionáveis para esclarecer a situação“.

O cenário é mais relevante do que a rejeição das mulheres

O estudo revela que as situações hipotéticos do contacto entre ambos e que foram apresentadas aos indivíduos da amostra foram consideradas mais relevantes para o consentimento do que o que os traços de personalidade das mulheres ou mesmo o que elas disseram e a forma como o fizeram.

Quando a mulher – ainda em situação hipotética – demonstrou ter um comportamento ou uma resposta mais ambígua ou passiva, os mesmos homens, confrontados com expressões como “não é sim”, mostraram-se mais predispostos a assumir um consentimento que, afinal, não tinha tido lugar.


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Para Mattson, estes estudos em torno da “violência sexual entre estudantes universitários” podem trazer alguma luz em torno do facto de “alguns homens terem maior predisposição para inferir, de forma errada, um consentimento sexual por parte da mulher”. Estas mesmas investigações, refere também o psicólogo, podem ainda ajudar a perceber “quais os fatores conjunturais específicos que podem promover mais facilmente os erros de perceção” e “quais os indivíduos mais predispostos a cometer estes erros”.

Imagem de destaque: Shutterstock