EUA: Hillary Clinton e Michelle Obama combatem sexismo em nome de Jill Biden

Jill Biden EPA
[Fotografia: EPA]

As antigas primeiras-damas dos EUA Hillary Clinton e Michelle Obama condenaram a visão do ensaísta Joseph Epstein que defende num artigo que a mulher do presidente eleito Joe Biden, Jill Biden, deve abdicar do título de “doutora” por não ser médica e no qual também a apelidou de “miúda”.

A esposa do presidente eleito Joe Biden deve parar de se chamar “Dra. Jill Biden”? Certamente não, defendem Hillary Clinton e Michelle Obama, referindo-se a um artigo polémico escrito pelo ensaísta publicado no sábado, 12 de dezembro, pelo Wall Street Journal. No texto, criticado como “sexista” por outras personalidades democratas, Joseph Epstein defende que, a menos que seja médico, não há razão para preceder o nome com o título de “doutor”.

Jill Biden, que já revelou que continuará a trabalhar enquanto primeira-dama dos Estados Unidos da América, é doutorada em Ciências da Educação. “Nas ciências sociais, chamar-se doutor é considerado mesquinho”, insiste Epstein, garantindo que o título de doutora de Jill Biden “soa falso” e “um pouco cómico”. A opinião do ensaísta desencadeou imediatamente uma onda de protesto e já levou a Universidade onde Epstein lecionou, a Northern University, a disse discordar “das visões misóginas” do autor.

“O nome dela é Doutora Jill Biden. Acostume-se”, escreveu no twitter Hillary Clinton, antiga Secretária de Estado dos Estados Unidos e antiga candidata às eleições presidenciais

Michelle Obama viu o texto de Epstein como uma ilustração do tratamento desfavorável sofrido por mulheres profissionalmente bem-sucedidas. “Muitas vezes, os nossos sucessos despertam ceticismo e até escárnio”, escreveu no Instagram Michele Obama.

 

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Ainda no domingo e sem se referir ao texto, Jill Biden usou o Twitter para reagir a esta posição. “Juntos, construiremos um mundo onde as conquistas das nossas filhas serão celebradas, em vez de denegridas”.

O artigo gerou reações tão indignadas que o responsável pelas páginas de “Opinião” do Wall Street Journal, Paul Gigot, teve de defender a sua escolha editorial, afirmando que a pergunta de Epstein merecia ser feita e que o próprio jornal reservava o termo “Dr” para os médicos. Paul Gigot denunciou uma “campanha política” liderada pela “Equipa Biden”.

Jill Biden conclui o seu doutoramento na Universidade de Delaware em 2007, uma época em que, de acordo com Epstein, o prestígio dos doutorados foi “diminuído pela erosão da seriedade e pelo relaxamento dos padrões no ensino universitário”.

“A Dra. Biden obteve a licenciatura graças ao trabalho árduo e à sua determinação absoluta. (…) Este artigo nunca teria sido escrito sobre um homem”, criticou, por sua vez, Doug Emhoff, marido da vice-presidente eleita Kamala Harris, também professor universitário

Muitos internautas também lamentaram o facto de Epstein ter abordado Jill Biden numa fórmula considerada paternalista ao escrever: “Madame, primeira-dama, Sra. Biden, Jill, miúda”.

CB com Lusa