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Hillary superou derrota com oração, ioga e vinho

Percorra a galeria e leia as 18 citações mais polémicas de Hillary Clinton em torno de temas como o sexismo, a misoginia, as mulheres e a política, Trump, os problemas no casamento e Putin. [Fotografia: DR]
Sexismo: “Donald Trump não inventou o sexismo, e o impacto deste na nossa política vai muito para lá desta eleição em particular. É como se fosse um planeta que os astrónomos ainda não localizaram com precisão, mas sabem que existe pela forma como influencia as órbitas e as gravidades de outros. O sexismo exerce a sua força no quotidiano da nossa sociedade e da nossa política, quer de maneiras subtis, quer de formas cristalinas.” [Fotografia: Drew Angerer/Getty Images]
As mulheres e os rótulos: “O sexismo tem caminhos amplos e estreitos que levam a sociedade a colocar as mulheres em caixas. E elas ficam ali. E não nos podemos queixar porque as meninas bem comportadas não o fazem. Não tentem ser o que nenhuma mulher não pode ser. Não use isto, não vá ali, não pense aquilo, não ganhe muito.” [Fotografia: Shannon Stapleton/Reuters]
Debate com Trump: “Isto não está bem, pensei. Estávamos no segundo debate presidencial e Donald Trump estava mesmo atrás de mim. Dois dias antes, o mundo ouviu-o a gabar-se de tocar nas mulheres. Estávamos num pequeno palco e por onde eu andasse, ele seguia-me sempre de muito perto, fitava-me, fazia caretas. Foi incrivelmente desconfortável. Ela estava literalmente a respirar na minha nuca. (…) Foi um daqueles momentos em que desejei poder fazer uma pausa no debate e perguntar a todos os espectadores: “Bem, o que é fariam? Ficavam calmos, sorriam e continuavam mesmo que ele estivesse permanentemente a invadir o espaço vital? Ou virar-se-ia, olharia para ele e diria bem alto: 'Sai daqui cretino'. Sai do pé de mim. Eu sei que adora intimidar as mulheres, mas a mim não me intimida”. [Fotografia: DR]
Memórias: “Durante todos os dias em que estive candidata à presidência, sabia que milhares de pessoas contavam comigo e não suportava a ideia de os desiludir, mas desiludi-os. Não consegui cumprir a missão e vou ter de viver com isso o resto da minha vida. Neste livro, escrevo sobre os momentos da campanha em que gostava de voltar a trás e mudar. Se os russos conseguissem piratear o meu subsconsciente, eles teriam encontrado uma longa lista.” [Fotografia: DR]
Bernie Sanders: “Ele partilhou, certamente, o mesmo horror que eu ao imaginar Donald Trum presidente, e gostei do facto de ele ter estado ao meu lado na campanha para as eleições gerais. Mas ele não é um Democrata (…), ele não entrou na corrida para garantir que os democratas chegariam à Casa Branca, ele entrou neste processo para criar uma disrupção no partido. (...) Ele também trouxe muita gente jovem ao processo político pela primeira vez, o que é muito importante.” [Fotografia: DR]
Sexismo vs misoginia: “A misoginia é algo mais negro do que o sexismo. É raiva. É repulsa. É aversão. É o que acontece quando uma mulher recusa um homem num bar e ele muda de cavalheiro para agressor. Ora,quando uma mulher conquista um trabalho que um homem quer, em vez de este lhe apertar a mão a ela e congratulá-la, ele chama-a de 'cabra' e promete que fará tudo para ter a certeza de que ela falhou no lugar.” [Fotografia: Joshua Roberts/Reuters]
As mulheres e a política: “Não é fácil ser mulher na política. É-se desvalorizada. Chega a ser doloroso, humilhante. No momento em que uma mulher toma a dianteira e diz: 'vou concorrer', tudo começa: a análise ao rosto dela, o corpo, a voz, o seu comportamento, a baixa estatura, as suas ideias, a sua integridade. Tudo isto pode ser incrivelmente cruel.” [Fotografia: Carlos Barria/Reuters]
Criar uma filha numa sociedade sexista: “Há qualquer coisa em torno das filhas. Desde o início, senti que tinha pressa em transmitir-lhe sabedoria sobre o feminilidade: como ser corajosa, como construir verdadeira confiança e fingir quando é preciso, como se respeitar a si próprio sem se levar demasiado a sério, como se amar a si própria e manter essa atitude, como ser forte e gentil, como saber que opiniões deve aceitar e valorizar e quais deve ignorar. Algumas destas lições foram duramente conquistadas por mim. Queria poupar a minha filha aos problemas.” [Fotografia: Krista Kennell / Shutterstock.com]
Casamento: “Houve momentos em que tive sérias dúvidas se o meu casamento [com Bill Clinton, antigo presidente dos EUA] conseguiria ou deveria sobreviver.” (…) Nesses dias, perguntava a mim própria o que é que era verdadeiramente importante: Ainda o amo? Consigo ficar neste casamento sem me tornar irreconhecível para mim própria – tudo isto entre a angústia, o ressentimento e o remorso. As respostas foram sempre 'sim'.” [Fotografia: DR]
Sensação de derrota à partida: “Se somos formais, é porque somos frios e falsos. Mas se dissermos o que pensamos sem cautelas, ficamos chocados com isso. Podem culpar-nos por termos esta sensação de que não conseguimos ganhar, independentemente do que façamos?” [Fotografia: Lucy Nicholson/Reuters]
Superação: “Quando escrevo neste livro sobre como superei aquele período, revelo que me apoiei em várias ferramentas como a oração e fui animada e abençoada por muita gente que me enviou as suas preces, os seus pensamentos espirituais. (…) Também tive o apoio da minha família, percebi que tinha de ver o mundo pelos olhos dos meus netos. Os meus amigos sempre estiveram ao meu lado a apoiar-me. Fiz alguma ioga, procurei fazer respiração nostril alteranada [a consciência total do movimento], que recomendo seriamente. Acalma-nos. E claro, tive a minha justa parte de Chardonnay [vinho]” [Fotografia: Carlos Barria/Reuters]
O medo de ser mulher: “O que eu gostava que todos os homens da América entendessem é a quantidade de medo que acompanha as mulheres ao longo das vidas delas. Tanta de nós foram ameaçadas ou prejudicadas. Muitas de nós ajudámos amigos a superar incidentes traumáticos. É difícil transmitir o que toda essa violência acarreta e representa para nós. Ela aumenta nos nossos corações e nos nossos sistemas nervosos”. [Fotografia: Carlos Barria/Reuters]
Mulher presidente é possível nos EUA? “Sim, teremos. Espero estar por cá para poder votar nela – assumindo que concordo com o programa que apresentar. Ela terá de merecer o meu voto baseado nas suas qualificações e nas suas ideias, tal como qualquer outra pessoa. Quando esse dia chegar, acredito que as minhas duas campanhas presidenciais terão ajudado a fazer este caminho. Não ganhámos, mas tornámos a ideia de uma mulher candidata mais familiar aos olhos de todos. Aproximámos a ideia de haver uma mulher presidente, trouxemos para o mainstream a ideia de uma mulher a liderar o país. É por isso que estou entusiasmada por perceber que há já uma onda de mulheres, um pouco por toda a América,que expressa disponibilidade para concorrer ao cargo de Presidente depois desta eleição.” [Fotografia: Aaron P. Bernstein/Reuters]
Escrutínio público: “O que me deixa enfurecida? Tenho-me perguntado a mim própria. Estou em perda” (…) acho que isto de deve, em parte, porque sou uma mulher.” [Fotografia: Lucas Jackson/Reuters]
Permanecer na luta política: “Havia muita gente que esperava que eu iria desaparecer. Mas aqui estou.” [Fotografia: DR]
Responsabilidade na campanha: “Volto atrás no tempo e nos erros que cometi e assumo as responsabilidades por tudo. Podemos culpar as estatísticas, as mensagens, ocultar tudo o que se quiser – mas eu era a candidata.” [Fotografia: DR]
Sobre Vladimir Putin [presidente russo]: “Não há nada que eu esperasse mais do que mostrar a Putin que os os seus esforços para influenciar as nossas eleições e instalar uma marioneta amigável falharam. Eu sei que ele deve estar a gostar de tudo o que aconteceu. Mas ele não vai rir por último.” [Fotografia: Shannon Stapleton/Reuters]
Donald Trump e a Rússia: “Não tenho sombra de dúvida que Putin queria que eu perdesse e queria que Trump ganhasse. Também não tenho sombra de dúvida que há um emaranhado de relações financeiras entre Trump e os seus negócios com dinheiro russo. E, ainda, não tenho dúvidas que a campanha dele e seus apoiantes trabalharam arduamente para esconder as relações que têm com a Rússia.” [Fotografia: DR]

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Derrotada há dez meses nas eleições presidenciais norte-americanas, Hillary Clinton publicou, esta terça-feira, 12 de setembro, a sua versão dos acontecimentos, em que assume a sua responsabilidade mas rejeita absolver intervenientes, como o FBI, a Rússia, os media e o sexismo da sociedade.

No livro, intitulado What Happened (‘O Que Aconteceu’, em tradução literal), lançado nos Estados Unidos da América, a antiga candidata democrata não mede as palavras sobre o sucessor de Barack Obama na Casa Branca: um “mentiroso”, “sexista”, indigno e incompetente.

Na galeria acima, leia algumas das citações mais emblemáticas da obra lançado por Hillary. Do sexismo, à misoginia, da política no feminino ao preconcito, do casamento a Trump e passando pelas acusações ao FBI, à Rússia e à alegada influência do presidente russo Vladimir Putin no sufrágio de novembro de 2016.

Hillary, que cumprirá 70 anos em outubro, relata o “choque” da noite da eleição, em novembro passado, a sensação de ter sido “esvaziada” e a “tristeza” que não a abandonou por semanas. E, depois, o regresso à vida, graças à sua família, à oração, a uma técnica de respiração alternativa… e “à justa parcela de Chardonnay” (vinho).

“Não houve um dia desde 8 de novembro de 2016 em que não me questionei: Por que perdi? Às vezes tenho dificuldade em concentrar-me noutra coisa“, escreve a antiga secretária de Estado de Obama, que durante um quarto de século fez questão de nunca baixar a guarda em público.

Em quase 500 páginas, assume os seus erros, mas também aponta culpados: o antigo diretor do FBI James Comey, o Governo russo, o seu rival nas primárias do Partido Democrata Bernie Sanders, os meios de comunicação e o sexismo da sociedade.


Clinton tinha já chamado “asqueroso” a Trump. Recorde aqui


A Casa Branca já reagiu ao lançamento do livro, com a porta-voz da presidência norte-americana a comentar que o Presidente dos EUA, Donald Trump, não tem necessidade de Hillary Clinton para compreender “o que aconteceu” em 2016.

“Creio que é triste que, depois de Hillary Clinton ter feito uma das campanhas mais negativas na história e ter perdido, o último capítulo da sua vida pública se defina agora por tentar vender mais livros com ataques falsos e imprudentes“, disse a porta-voz, Sarah Sanders.

A antiga primeira-dama, senadora e chefe da diplomacia norte-americana foi a primeira mulher na história dos EUA a concorrer à Casa Branca, mas garante que não voltará a tentar chegar à presidência, mas não se retira da vida política.

“Acabei com ser candidata. Mas não terminei com a política, porque literalmente acredito que o futuro do nosso país está em jogo”, disse à televisão norte-americana CBS, sem precisar qual é o seu próximo passo.

Carla Bernardino com Lusa

Imagem de destaque: DR