‘Hormonofobia’: O que é e porque cresce, sobretudo nas novas gerações

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[Fotografia: Pexels/Corttonbro Studio]

O Atlas da Contraceção aponta para ¼ da população portuguesa em idade fértil está sem acesso a métodos anticoncecionais (quase três em cada dez cidadãs nacionais). A séxologa Vânia Beliz lembra que “há muitas mulheres que recusam a fazer a contraceção hormonal, preferem métodos naturais como o acompanhamento do ciclo, métodos de perceção de fertilidade” e muitas vezes por via das fases da vida em que se encontram. A especialista admite também a existência de uma eventual “hormonofobia”, com “cada vez mais mulheres a não querem fazer” anticoncecionais.

A presidente da Sociedade Portuguesa da Contraceção também aborda esta atitude ‘anti-hormonal’ perante os métodos contracetivos e nota-a em crescimento, em particular entre os mais jovens. Trabalho com adolescentes e noto que a nova geração, a Z [nascidos pós-1995 e já ‘nativos digitais’] tem características especiais. Se formos avaliar os resultados de questionários, penso que se identifica alguma hormonofobia”, afirma Fátima Palma.

A médica especialista que trabalha sobretudo com jovens revela ainda que “as mulheres jovens, além da ideia do que é sustentável, biológico, natural, acham muito importante não terem nada extra no seu organismo. Não ingerir hormonas é uma preocupação, mas se isso se traduz no método escolhido, não sabemos disso.”

Certo é que apesar da diversidade dos métodos, a pílula é recorrentemente o contracetivo mais prescrito, como apontou um estudo da SPC de 2021 e já antes, o de 2015 e de 2005.