Irão. Duas mulheres presas por alegadamente não usarem hijab

Protest outside Iranian Consulate in Istanbul following Mahsa Amini's death
Mulher protesta diante do Consulado Iraniano na Turquia após a morte de Mahsa Amini, iraniana de 22 anos detida pela polícia responsável por verificar as práticas de vestuário e que morreu sob custódia policial [Fotografia: EPA/ERDEM SAHIN]

As autoridades iranianas ordenaram a prisão de duas mulheres depois de ter sido conhecido um vídeo no qual elas são vistas a serem atacadas por um homem por não usarem o hijab. As imagens, amplamente divulgadas nas redes sociais no Irão, mostram duas clientes dentro de uma loja com a cabeça descoberta sendo agredidas por um homem após uma discussão verbal.

O homem atira-lhes um balde com uma substância que parece ser iogurte sobre as cabeças e é confrontado pelo comerciante.

As autoridades iranianas emitiram um mandado de prisão contra o homem “sob a acusação de cometer atos injuriosos e perturbar a ordem”, mas também contra as duas mulheres por “cometerem um acto proibido” ao não usarem véu na cabeça, indicou o site Mizan Online.

“Foram enviados os avisos necessários ao proprietário da loja em que o incidente ocorreu para que cumpra os princípios legais e da Sharia de acordo com os regulamentos” em vigor, acrescentou a mesma fonte.

Desde setembro de 2022 que o Irão é palco de protestos em massa que duraram meses após a morte sob custódia policial de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos que foi presa por supostamente não cumprir o código de vestuário do país, que exige que as mulheres usem o véu.

Centenas de manifestantes e dezenas de polícias foram mortos e milhares foram detidos durante as manifestações, que Teerão acusa de estarem a ser fomentadas por Israel e pelas potências ocidentais.

Embora algumas mulheres tenham ousado sair descobertas desde os protestos, especialmente na capital iraniana, o presidente Ebrahim Raisi reiterou neste sábado que as iranianas devem usar o hijab, por “necessidade religiosa” e por “questão legal”. o cumprimento desse preceito é “obrigatório”.

Em dezembro, o procurador-geral Mohamed Jafar Montazeri revelou que a polícia da moralidade “foi encerrada”, indicou a agência noticiosa ISNA. A agência não forneceu detalhes e os ‘media’ estatais não se referiram a esta suposta decisão.

A agência noticiosa Associated Press (AP) não conseguiu confirmar o atual estatuto da força, estabelecida em 2005 com a tarefa de deter e questionar pessoas que violassem o código de vestuário islâmico em vigor.

COM AFP