Irão. Túmulo de Mahsa Amini vandalizado pela segunda vez

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[Fotografia: John MACDOUGALL / AFP]

O túmulo de Mahsa Amini, que morreu sob custódia da polícia após ter sido detida por não usar o véu islâmico da forma considerada correta pelas autoridades iranianas, foi vandalizado por desconhecidos, denunciou a sua família, nesta terça-feira, 23 de maio.

“O vidro do seu túmulo também os incomoda”, escreveu Ashkan Amini, irmão de Mahsa, na rede social Instagram. A publicação, entretanto, já foi apagada. A mensagem vinha acompanhada por uma foto que mostrava o vidro que cobre o túmulo partido e um retrato da jovem de 22 anos no cemitério de Aichi, na cidade de Saqez, no Curdistão iraniano.

“Se partirem novamente, mil vezes, nós arranjaremos outra vez. Vamos ver quem se cansa primeiro”, disse Ashkan, acrescentando que esta é a segunda vez que o túmulo da sua irmã é vandalizado.

A morte de Mahsa Amini em setembro de 2022 sob custódia da polícia, após ser detida pelas autoridades iranianas por não usar corretamente o véu islâmico, provocou os maiores protestos contra o Governo e o sistema teocrático do país em décadas.

As manifestações começaram justamente no cemitério de Aichi em 17 de setembro, um dia após a morte da jovem. Neste local, as mulheres iranianas gritaram pela primeira vez a frase “mulher, vida, liberdade” – muito utilizada nos protestos – e queimaram os seus véus.

Os protestos foram diminuindo após uma forte repressão do Governo, que provocou cerca de 500 mortos e milhares de detenções, além de sete execuções, uma destas pública.

Na passada sexta-feira, voltaram a ocorrer pequenos protestos em várias cidades do país, impulsionados pela execução naquele dia de três manifestantes por crimes alegadamente cometidos durante os protestos.

De todas as formas de protesto e desobediência, a única que sobreviveu foi a rejeição do véu por parte de muitas mulheres, apesar das tentativas das autoridades de reimpor a utilização desta peça de vestuário.

LUSA