Mariana Vieira da Silva: A ministra que assumia governo na ausência de Costa

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[Fotografia: Gerardo Santos / Global Imagens]

Mariana Vieira da Silva tem sido a número dois deste governo socialista de maioria, tendo assumido funções governativas durante as férias do primeiro-ministro António Costa.

Costa anunciou na tarde de terça-feira, 7 de novembro, a demissão. Uma tomada de posição pública na sequência de buscas realizadas nessa mesma manhã em São Bento e de o Ministério Público anunciar que o chefe de governo é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio verde.

O presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa ouviu esta quarta-feira, 8 de novembro, os partidos e aponta para amanhã uma declaração ao país após ouvir o Conselho de Estado.

São três os cenários possíveis – e que pode ler aqui – mas, uma coisa é certa: a liderança do PS terá de mudar. Olhando para as sondagens mais recentes, Mariana Vieira da Silva tem conquistado a preferência face a outros nomes citados: Fernando Medina e Pedro Nuno Santos saíram menos favorecidos na preferência dos portugueses.

E quem é Mariana Vieira da Silva?

Antiga praticante de natação de alta competição pelo Sporting, Mariana Vieira da Silva nasceu a 8 de maio de 1978, em Lisboa, tem 45 anos e é filha do antigo ministro do Trabalho e da Segurança Social, José António Vieira da Silva.

De secretária de Estado Adjunta do Primeiro-ministro passou a sucessora de Maria Manuel Leitão Marques nas pastas da Presidência e da Modernização Administrativa.

Mariana Vieira da Silva e Maria Manuel Leitão Marques, no dia Internacional da Mulher, em 2019 [Fotografia: Nuno Pinto Fernandes/ Global Imagens ]
Em 2019, assumiu a pasta de ministra do Estado e da Presidência, a número dois do Governo, cargo que manteve aquando da conquista da maioria absoluta por parte do partido socialista, para o XXIII governo de Portugal, no sufrágio de 30 de janeiro de 2022.

Nos meios socialistas, é encarada como uma das principais conselheiras do líder do Governo, sendo considerada próxima do atual presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

No PS, já sob a liderança de António Costa, esteve envolvida na elaboração dos programas eleitoral de 2015, mas também no do Governo minoritário socialista, suportado no parlamento pelo Bloco de Esquerda, PCP e PEV.

Em novembro de 2015 na tomada de posse como Secrétaria de Estado Adjunta do Primeiro-Ministro do XXI Governo Constitucional
[Fotografia: Jorge Amaral / Global Imagens]
A ascensão política de Mariana Vieira da Silva tornou-se evidente em termos públicos quando António Costa a escolheu para coordenadora da moção de estratégia que apresentou no último congresso dos socialistas em 2018 – um documento que defendia o caráter essencial das políticas de aumento do salário mínimo e de atração de imigrantes ao país para compensar a curto prazo a quebra de natalidade.

Licenciada em sociologia pelo ISCTE, Marina Vieira da Silva concluiu já a parte curricular do doutoramento em Políticas Públicas na mesma instituição de Ensino Superior de Lisboa, encontrando-se agora a terminar uma dissertação sobre políticas de saúde e de educação em Portugal.

Mariana Vieira da Silva foi, ainda, formadora do Instituto Nacional de Administração e do Instituto para as Políticas Públicas e Sociais – Instituto Universitário de Lisboa.

Entre 2009 e 2011, Mariana Vieira da Silva foi Adjunta no gabinete do então primeiro-ministro, José Sócrates, tendo anteriormente trabalhado como assessora da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues entre 2005 e 2009.

Fez parte da equipa organizadora do Fórum das Políticas Públicas, no ISCTE, e foi membro do Conselho Consultivo do Programa Gulbenkian para Cultura e Ciência, da Fundação Calouste Gulbenkian.

No plano profissional, o seu lugar de origem é na União das Mutualidades Portuguesas.

Recorde-se que esta terça-feira de manhã, 7 de novembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR), revelou em comunicado que o primeiro-ministro é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça.

“No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”, lê-se numa nota divulgada pela PGR.