Mónica Jorge: Equipa para queixas de assédio no futebol trouxe “mudanças de responsabilidades”

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Mónica Jorge [Fotografia: Álvaro Isidoro / Global Imagens]

Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não revela número de queixas de assédio sexual no Futebol recebidas pela equipa específica criada pela estrutura federativa e que completa um ano este sábado, a 30 de setembro. “Os dados são confidenciais”, revela à fonte oficial da FPF.

Mónica Jorge, diretora da Federação Portuguesa de Futebol para o futebol feminino, também não antecipa estatísticas mas, olhando para este primeiro ano de plataforma, sustenta: “Garanto que fez diferença. É uma plataforma fantástica, era muito necessária”, explica à Delas.pt, a margem da apresentação de bolsas de licenciatura e mestrado para permitir às atletas a conciliação entre estudo e prática desportiva.

A responsável refere que “houve mudanças nas responsabilidades”. “Só o facto de existir chama a atenção para outras coisas, temos um departamento de responsabilidade social e que, no grupo da Liga BPI, todas as semanas fala com os clubes e para abordar temas como o match-fixings, os assédios. Falamos de reuniões e palestras conjuntas com todos os clubes, explica, mostra tudo isto na Liga BPI e na Liga 3 também”, detalha.

A criação desta equipa específica com membros do Conselho de Disciplina e da Comissão de Instrução Disciplinar da FPF foi, no entender da dirigente, “exemplar para todos”. “Esta aposta fez com que os outros pensassem dessa forma, e acho que foi essencial criar esta plataforma de denúncia” cujos casos recebidos estão a ser “devidamente acompanhados pelas entidades competentes”, sustenta Mónica Jorge.

Recorde-se que esta equipa especial para se dedicar com urgência à instauração dos processos criados na sequência de denúncias de assédio foi criada em setembro de 2022, dias depois de várias futebolistas que alinharam no Rio Ave em 2020/21 terem denunciado ações de assédio sexual por parte do então treinador da equipa feminina do clube de Vila do Conde Miguel Afonso.

Em setembro do ano passado, várias jogadoras treinadas por Miguel Afonso formalizaram, através do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), queixas por assédio sexual na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e na Polícia Judiciária (PJ). O SJPF foi contactado e, tendo recolhidos os elementos de prova, formalizou as participações, que, de acordo com a mesma fonte, não incluem apenas jogadoras do plantel do Rio Ave, mas também de outros clubes orientados pelo referido treinador.

Miguel Afonso, de 40 anos, foi suspenso preventivamente pelo Conselho de Disciplina da FPF, que instaurou um processo urgente ao treinador, depois de o Famalicão ter anunciado a sua suspensão de funções e substituição, de forma interina, no comando técnico da equipa minhota da Liga feminina, por Renato Lobo.