Odete Santos foi uma das vozes mais ativas na luta contra o aborto clandestino e pela despenalização da IVG. Foi deputada do PCP durante quase 30 anos, de 1980 a 2007, integrou o comité Central do partido e morreu aos 82 anos. Partido lembra a "mulher de abril" que lutou pela "defesa dos direitos dos trabalhadores e pelos direitos das mulheres"
Antiga deputada do PCP durante quase três décadas, integrou também o Comité Central do partido entre 2000 e 2012. A também advogada e atriz Odete Santos, natural da Guarda, nascida a 26 de abril de 1941 e filha de professores do ensino primário, morreu aos 82 anos.
A notícia foi avançada em comunicado pelo PCP nesta quarta-feira, 27 de dezembro, que evoca a “mulher de abril” que lutou pela “defesa dos direitos dos trabalhadores e pelos direitos das mulheres”.
“Mulher de Abril, destacada deputada e dirigente comunista, Odete Santos foi uma figura marcante na construção do Portugal de Abril e na afirmação dos direitos que a Constituição da República Portuguesa consagra, em particular sobre os direitos dos trabalhadores, sobre a igualdade e a emancipação da mulher, uma presença constante na ação de solidariedade com os povos de todo o mundo, uma incansável participante na concretização do ideal e projeto do Partido Comunista Português”, conclui a nota do partido sobre Odete Santos.
A política e militante do PCP foi voz ativa na conquista de direitos para as mulheres como o combate ao aborto clandestino e pugnou pela despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Odete Santos exerceu advocacia ao mesmo tempo que se dedicava às lutas políticas, tendo ingressado no PCP em 1974. Foi eleita ao Parlamento logo na II Legislatura, sendo deputada pelo círculo onde residia: Setúbal.
No seu percurso parlamentar passou por comissões como a de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na Comissão de Saúde, na Subcomissão para a Igualdade de Oportunidades, na Subcomissão de Justiça e Assuntos Prisionais.
Ao nível interno do PCP, Odete Santos passou pela Direção de Organização Regional de Setúbal, pelo Movimento Democrático de Mulheres e integrou a Comité Central do Partido.
Uma vida pública que esteve sempre muito ligada à cultura. Odete Santos foi também atriz e escritora. Em 2003, integrou o elenco da peça de teatro de revista Arre Potter Qu’é Demais!!, e também nesse ano lançou uma obra que seria adaptada aos palcos: Em Maio Há Cerejas.
Como autora, tinha ainda publicado em 2002 a coletânea de poesia A Argamassa dos Poemas.