A economista de 77 anos Claudia Goldin pesquisou os arquivos e compilou mais de 200 anos de dados dos Estados Unidos da América, “o que lhe permitiu mostrar como e porquê as diferenças de género nos rendimentos e nas taxas de emprego mudaram ao longo do tempo”.
A academia sueca, que lhe atribuiu o Nobel da Economia em 2023, nesta segunda-feira, 9 de outubro, recordou que, “apesar da modernização, do crescimento económico e do aumento da proporção de mulheres empregadas no século XX, durante um longo período de tempo a diferença salarial entre homens e mulheres quase não diminuiu”.
A laureada de 77 anos e professora da Harvard University “fez avançar a nossa compreensão da situação das mulheres no mercado de trabalho”, anunciou o júri do Nobel. “A investigação de Claudia Goldin deu-nos novas e muitas vezes surpreendentes perspetivas sobre o papel histórico e contemporâneo das mulheres no mercado de trabalho”, afirmou a academia sueca. As mulheres estão muito sub-representadas no mercado de trabalho mundial e, quando trabalham, ganham menos do que os homens, recordou a academia sueca.
Segundo a laureada, parte da explicação reside no facto de as decisões educativas, que têm impacto nas oportunidades de carreira ao longo da vida, serem tomadas numa idade relativamente jovem. “Se as expectativas das mulheres jovens forem moldadas pelas experiências das gerações anteriores (por exemplo, das suas mães, que só voltaram a trabalhar quando os filhos eram mais velhos), o desenvolvimento será lento”, defende.
A academia sueca recorda que, historicamente, grande parte da diferença de rendimentos entre os géneros se explica pelas diferenças de educação e de escolha profissional.
“No entanto, Goldin demonstrou que a maior parte desta diferença de rendimentos se verifica atualmente entre mulheres e mulheres que exercem a mesma profissão e que surge em grande parte com o nascimento do primeiro filho”, explica.
Durante o século XX, os níveis de educação das mulheres aumentaram de forma constante. Hans Ellegren, secretário-geral da Real Academia Sueca de Ciências, anunciou hoje o prémio em Estocolmo.
O prémio de economia foi criado em 1968 pelo banco central da Suécia, é formalmente conhecido como o Prémio do Banco da Suécia em Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel e é o último Nobel a ser conhecido, depois do anúncio dos vencedores nas categorias de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz.
Os Prémios Nobel, que serão entregues em dezembro, representam um prémio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas (um milhão de dólares). Os vencedores recebem também uma medalha de ouro de 18 quilates e um diploma nas cerimónias de entrega dos prémios, em dezembro, em Oslo e Estocolmo.
No ano passado, o Nobel da Economia foi atribuído a Ben Bernanke, antigo presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, e aos seus compatriotas Douglas Diamond e Philip Dybvig, pelo seu trabalho sobre os bancos e os resgates durante as tempestades financeiras.
Com Lusa