Museu do Calçado quer ver os seus sapatos preferidos

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E se aquele par de sapatos que usou naquele dia mesmo muito especial fizesse parte de um acervo nacional? Pois bem, é isso que o Museu do Calçado, de São João da Madeira, quer por em marcha criando uma aplicação móvel interativa, aberta a todo o público, e ao abrigo da iniciativa “Se os meus sapatos falassem, que histórias contariam”.

Para tal, basta, diz fonte oficial do museu, “enviar uma imagem do par de sapatos marcante, revelar qual a história associada e enviar para o email [email protected].

Com esta iniciativa, os sapatos e as histórias dos portugueses anónimos figurarão lado-a-lado com as de mais de 70 personalidades nacionais que já doaram calçado ao museu e contaram as suas histórias. Entre alguns dos nomes mais sonantes estão o de António Guterres, da apresentadora Catarina Furtado, da escritora Luisa Ducla Soares, da cantora Ana Bacalhau, da atriz Eunice Muñoz e, entre tantas outras personalidades, o do encenador Felipe la Féria.

Esta aplicação interativa ainda não tem uma data formal para ser apresentada ao público, mas pretende ser um projeto em aberto e que vá somando as participações que chegam ao espólio.

Uma iniciativa que pretende valorizar o papel do calçado na vida quotidiana da população e que foi revelada em dia de apresentação da programação do museu para 2019 e que está a decorrer esta quarta-feira, 13 de março.

“Eu ia para a escola descalço” e “Histórias de uma passadeira vermelha”, que apresentará desde “o salto vermelho criado por Louis XIV ao tacão agulha de Manuela Azevedo”, são algumas das mostrs temáticas em agenda para 2019.

Kobi Levi, o sapateiro de Lady Gaga e Whoopi Goldeberg

Este ano e segundo a agência Lusa, o espaço vai receber duas exposições de designers de referência internacional que se apresentam pela primeira vez em Portugal: o japonês Kei Kagami, cuja mostra “Sem Limites” estará patente ao público entre 18 de maio e 29 de setembro, e o grego Costa Magarakis, que, atualmente radicado em Israel, levará a São João da Madeira “(Im)Possibilidades Fantásticas”, para ver entre 11 de outubro e 03 de março de 2020.

Joana Galhano, responsável máxima do Museu, nota que esse criador adota uma “linguagem muito peculiar” para criar sapatos evocadores de “temáticas obscuras e mundos futuristas”, por um lado conjugando a produção artesanal com o uso de técnicas e materiais de vocação mais industrial, como a fibra de vidro, e por outro aplicando “soluções inesperadas e até apontamentos anatómicos, mecânicos e arquiteturais”. A mostra irá também abordar o percurso profissional do designer, que, começando por ser assistente do arquiteto Kenzo Tange, terminou depois um curso de Alfaiataria e, “fascinado pela vitalidade das subculturas britânicas”, se mudou para Londres e aí iniciou uma carreira na moda sob a mentoria de John Galliano.

Depois disso, estudou com Alexander McQueen e Wakako Kishimoto, lançou a sua marca própria, estabeleceu uma parceria com o maior fabricante mundial de fechos de correr e em 2001 tornou-se uma referência internacional ao lançar a sua primeira coleção exclusivamente de calçado.

Costa Magarakis é um artista plástico cujas “peças grotescas” são inspiradas tanto na época vitoriana como em romances de ficção científica. Começou por estudar design de interiores, Comunicação Visual e Design, e arte em 3D, e mais tarde trabalhou como cenógrafo no Teatro Nacional da Grécia e como designer de adereços em eventos como os Jogos Olímpicos de 2004 e o festival Eurovisão de 2006.

Esse espaço cultural irá também receber as oficinas “As Sanjo andam por aí?”, sobre as emblemáticas sapatilhas de São João da Madeira, e “Dá-me a honra desta dança?”, que aborda a ligação entre a história dessa arte e a evolução do calçado.

Imagem de destaque: Shuterstock

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