Não acontece só a Taylor Swift. 3% de portuguesas foram vítimas de pornografia falsa

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[Fotografia: Pexels/Karolina Gabrowska]

A manipulação de imagens de raparigas para criar pornografia falsa distribuída na internet tem vindo a crescer no mundo. E se o recente caso que atingiu a planetária estrela da música Taylor Swift convocou todas as atenções para o fenómeno, podendo mesmo chegar à esfera política e à legislação, a verdade é que a pornografia falsa e com recurso a inteligência artificial (deepfake) está cada vez mais disseminada e começa bem cedo e, claro, Portugal não é exceção.

De acordo com um estudo de 2022, realizado junto de 517 jovens mulheres dos 18 aos 25 anos, em Portugal, 3% das inquiridas viram as suas fotografias serem utilizadas para produzir pornografia deepfake.

Segundo a mesma análise de Faustino, Ventura, Alves e Matos, mais de 1/3 (39%) recebeu ameaças de partilha de conteúdos íntimos, 1/5 (20%) jovens foi vítima de partilha não consensual de imagens e 18,8% relatou ter sido objeto de fotografias íntimas tiradas sem consentimento. Resultados que indicam que mais de oito em cada dez (84%) contactou com conteúdo intimo online sem o ter solicitado.

Os agressores, esses continuam sempre por perto: a maioria (60%) eram jovens ou homens próximos das vítimas: 15% eram anteriores namorados ou parceiros, 13% conhecidos, 13% eram parceiros numa relação sexual e/ou afetiva esporádica, 9,5% amigos e 9,5% namorados ou parceiros.

“A ciberviolência não é apenas uma ameaça virtual, mas uma realidade que cruelmente afeta a vida de raparigas e mulheres, minando a sua segurança e bem-estar online e offline”, afirma Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) que vai integrar o evento internacional Be Safe a par da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM), que decorre esta quarta-feira, 14 de fevereiro. “Esta iniciativa vai certamente contribuir para a alteração legislativa e de políticas públicas tanto nos países que integram a parceria – Portugal, Croácia e Espanha – como também a um nível europeu mais amplo”, acrescenta a responsável da CIG.

Para a presidente da PpDM, Ana Sofia Fernandes, o projeto – cofinanciado pela União Europeia, através do Programa Cidadãos, Igualdade, Direitos e Valores (CERV) – pretende “acabar com todas as formas de violência, online e offline, que afetam desproporcionalmente as raparigas e as mulheres é um imperativo da sociedade democrática que somos, em Portugal, na Croácia, em Espanha, na União Europeia e no Mundo. Este é, assim, um evento europeu que se associa ao V-DAY, um movimento ativista global para acabar com a violência contra todas as mulheres e raparigas”.