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Prémios H&M: Usar os restos para salvar o planeta

Etiquetas digitais: Classificar e separar nossas roupas por tipo de material é um primeiro passo para que saibamos o que vestimos e para que passemos a conseguir reciclar corretamente as roupas. Ao anexar uma etiqueta digital a cada peça, na fase de fabricação, é possível criar uma "lista de componentes” digitalizada e que dá a quem recicla toda a informação necessária. Esta etiqueta está na forma de um fio RFID, parece-se e sente -se muito como um segmento normal. Este fio digital dura toda a vida do vestuário, impulsionando melhorias econômicas que reduzem o desperdício em toda a cadeia. Há já um protótipo dos fios, está sendo introduzido com sucesso pelos fabricantes, mas são necessárias mais pesquisas para avançar a tecnologia e produzir em larga escala. [Ilustração: H&M]
Tingir ganga nova com a velha: É um dos têxteis mais usados na indústria, mas o processo de coloração da ganga ainda está longe de estar otimizado. Não só requer grandes quantidades de água e energia, como produz quantidades substanciais de resíduos de corantes que podem contaminar águas. Esta inovação promete fazer com que os jeans antigos possam ser reduzidos a partículas que possam ser usadas para tingir novas gangas. Assim, os materiais velhos podem ser usados em vez de serem depositados em aterros, resultando num processo de produção eco-friendly e de redução de custos. Apesar de já haver um protótipo, o dinheiro será para encontrar produtores e marcas para transpor a grande escala. [Ilustração: H&M]
Pele de uva: Utilização de sobras de vinificação para criar couro totalmente vegetal, recorrendo ao uso de resíduos da produção de vinho, como as cascas de uva e os talos. Por isso, trata-se de um novo tipo de couro vegetal que pode ser produzido, sem requisitar o mesmo esforço de recursos que a produção do couro tradicional reclama. O uso de sobras de vinhos como recurso, em vez de queimar todos aqueles resíduos que criam dióxido de carbono, garante a ausência de quaisquer produtos químicos nocivos durante o processo de transformação. [Ilustração: H&M]
Tecido feito de estrume de vaca: O estrume é visto por muitos como uma das formas mais repugnantes de resíduos e, devido à agricultura intensiva, provoca uma crise ambiental urgente. No entanto, com esta inovação o estrume é transformado num material novo valioso, criando um têxtil biodegradável. Através deste processo, a produção de gás metano é reduzida e a contaminação do solo e das águas é evitada. A ideia esta já em protótipo e procura agora parcerias para s expandir. [Ilustração: H&M]
Têxteis solares: Muitos tipos dos tecidos que usamos no nosso quotidiano, como o nylon, são feitos de petróleo, em processos que não só poluem o ar, como são intensivos em matéria de energia requerida e emitem gases de efeito estufa. Esta inovação passa por alterar o processo de produção de nylon, que vai passar a utilizar apenas água, resíduos vegetais e energia solar. Se o projeto for bem sucedido, o material será idêntico ao nylon existente, mas criado a partir de recursos renováveis ​​e de forma sustentável. A verba angariada será para a criação de um protótipo. [Ilustração: H&M]

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Já imaginou sair à rua com uma saia feita a partir de estrume de vaca, uma camisa de têxteis solares, um casaco de ganga novo tingido pelas calças que, há um mês, entregou para reciclar e uns sapatos e uma mala a condizer, ambos em pele de uva? E se todas estas peças dispuserem de uma etiqueta digital?

Não, não estamos a falar do próximo filme de ficção científica que vai chegar aos cinemas, mas antes dos finalistas dos prémios de inovação, galardão promovido pela Fundação H&M.

De acordo com as propostas, há candidatos que acreditam, e estão a estudar nesse sentido, que os resíduos que sobram das vindimas podem ser transformados em pele. Ou que o estrume de vaca, tão danoso para o ambiente, deverá vir a ter uma nova vida, sem cheiro, no guarda-roupa.

Estas são duas das cinco ideias que vão receber fundos por parte da Fundação H&M para serem desenvolvidas, no âmbito dos prémios Global Change Awards (GCA).

Mas há mais propostas que se pretendem sustentáveis para o ambiente e, para as conhecer, nada como percorrer a galeria de imagens acima para conhecer em detalhe o que de insólito se anda a criar para a indústria da moda, sempre com a preocupação de preservar o planeta.

A votação pública dos cinco projetos finalistas será feita online em globalchangeaward.com, a partir desta segunda-feira, 27 de março, até 2 de abril. Caberá aos votantes decidir como será distribuído o prémio de um milhão de euros pelos cinco finalistas escolhidos.

A 5 de abril, numa gala que vai ter lugar na Câmara Municipal de Estocolmo, na Suécia, será revelado o vencedor, sendo que, no dia seguinte, os cinco finalistas passam a ter acesso a um acelerador de inovação durante um ano, ou seja, até 5 de abril de 2018.

A inovação que recolher mais votos receberá 300 mil euros, a segunda 250 mil e as restantes 150 mil euros para poderem dar seguimento às suas investigações. Para lá do prémio financeiro, haverá um acompanhamento personalizado e em colaboração com a Accenture e o Royal Institute of Technology em Estocolmo (KTH).

 

 

Erik Bang, coordenador dos prémios GCA, considera que é importante “encontrar ideias e dar-lhes o apoio de que necessitam para fazerem a diferença”. Ao Delas.pt, não antecipa, porém, como a investigação se vai refletir, depois, nos preços finais da roupa: ” A forma como são definidos está fora do nosso alcance”.

“Queremos influenciar a indústria da moda como um todo, e os vencedores são livres para colaborar com quem quiserem”, garante o responsável pelos GCA.

Por isso, Bang salvaguarda que, apesar da ajuda monetária e do apoio que aquela estrutura associada à marca sueca oferece, “nem a empresa H&M, nem a Fundação, sem fins lucrativos, ficam detentoras de qualquer património ou quaisquer direitos de propriedade intelectual sobre as inovações”.


Leia a entrevista na íntegra com o responsável pelo projeto do Global Change Award clicando sobre a imagem abaixo


O coordenador garante ao Delas.pt que já há inovações premiadas em 2015 que estão a chegar à indústria e, consequentemente, às lojas.

“Os vencedores italianos do ano passado vão, muito em breve e em colaboração com uma marca italiana de luxo, apresentar a primeira coleção com roupas feitas de resíduos de produção de cítricos”, conta Erik Bang.

E dá outro exemplo: “A equipa da Holanda vai avançar com a ideia de fazer têxteis de algas, havendo esperança que cheguem em abril”.

56% das candidaturas partiram de mulheres

Este ano, a fundação diz que foram submetidos cerca de 130 projetos e 56% deles partiram de mulheres.

Sem adiantar se Portugal estava entre os participantes – nenhum dos cinco finalistas vem de território nacional -, os países que mais participaram neste concurso foram, lê-se no press release enviado pela marca, a “Índia, os Estados Unidos da América, a Nigéria, o Reino Unido, a Itália, a Suécia, a Macedónia, a Indonésia, o Irão e o Bangladesh”.

A iniciativa arrancou em 2015 e visa, diz o mesmo documento, “estimular inovações em fase embrionária que podem acelerar a transição da indústria da moda de um modelo linear para um modelo circular, com o objetivo de proteger o planeta e as condições de vida”.

Ilustração de destaque: H&M