Presidenciais: Ana Gomes anuncia candidatura a Belém

Ana Gomes Leonardo negrão
[Fotografia: Leonardo Negrão/Global Imagens]

Depois de quase quatro meses de período de reflexão e de uma confirmação que foi sendo adiada, surge esta segunda-feira, 8 de setembro, a posição final da diplomata e eurodeputada. Ana Gomes é candidata a Belém, nas presidenciais de 2021, correndo ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, chefe de Estado em exercício, Marisa Matias – a eurodeputada do Bloco de Esquerda confirmou a candidatura ao Palácio de Belém, na noite de sexta-feira, 5 de setembro -, e André Ventura.

“Serei candidata”, afirmou Ana Gomes ao jornal Público, tendo, nessa sequência, confirmado à agência Lusa a sua intenção ainda esta noite de domingo, 7 de setembro. Ana Gomes remeteu a explicitação dos motivos inerentes à sua candidatura às eleições presidenciais de 2021 para a sessão de quinta-feira. O Delas.pt tentou contactar esta manhã Ana Gomes, mas ainda sem sucesso.

No domingo, no espaço de comentário que tem na SIC Notícias, Ana Gomes disse que até ao final desta semana iria decidir sobre a sua candidatura a Presidente da República, afirmando estar então na fase final da sua reflexão. A ex-eurodeputada socialista colocou pela primeira vez como hipótese entrar na corrida a Belém no passado dia 17 de maio, na SIC Notícias, dizendo que iria refletir sobre esse passo, embora não ambicionasse ser candidata.

Segundo Ana Gomes o que se passara dias antes entre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, na fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, tinha mudado “muita coisa”.

Nessa visita, António Costa manifestou a expectativa de regressar àquela fábrica com o atual Presidente da República, já num segundo mandato, dando como certa a sua recandidatura e reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa.

No entender de Ana Gomes, esse episódio foi “absolutamente lamentável, deprimente mesmo” e “perigoso para a democracia”, devendo provocar “uma reflexão” da sua parte e de todos os democratas, porque “de facto mudou muita coisa”.

Enquanto militante socialista, Ana Gomes criticou António Costa por ter assumido uma posição sobre as presidenciais quando “não estava na qualidade sequer de dirigente partidário, mas na qualidade de primeiro-ministro” e observou que “a democracia não está suspensa”, mas “parece que alguns pensam que está suspensa no PS”.

Dentro do PS, a candidatura de Ana Gomes recebeu já o apoio do antigo líder parlamentar e ex-eurodeputado socialista Francisco Assis, de Ricardo Sá Fernandes, dirigente do partido Livre, de Nuno Garoupa, professor universitário e do líder da tendência minoritária dentro da Comissão Política do PS, Daniel Adrião. No entanto, o presidente dos socialistas Carlos César já se tiha manifestado como voz oponente à candidatura, revelando que “só numa situação limite votaria” nela.

Em recente entrevista ao jornal “Expresso”, o primeiro-ministro considerou que se Marcelo Rebelo de Sousa não se recandidatasse a Presidente da República “havia um problema grave no conjunto do país” que, no seu entender, tem por certo que concorra a um segundo mandato do atual chefe de Estado. Na mesma entrevista, adiantou que, por exercer as funções de primeiro-ministro, adotará uma atitude de “recato” nas próximas eleições presidenciais.

Já sobre a forma como o PS vai gerir o processo das próximas eleições presidenciais, o secretário-geral socialista disse que haverá um momento em que os órgãos do seu partido se irão pronunciar sobre essa matéria.

Aos 66 anos, Ana Maria Rosa Martins Gomes, posiciona-se na corrida ao mais alto cargo. É licenciada em Direito e, desde 19809, que enveredou pela carreira diplomática. Foi também assessora do antigo presidente da República Ramalho Eanes e tem travado amplas lutas, tendo sido voz ativa na denúncia do processo que culminaria na independência de Timor-Leste e tem sido uma das vozes de apoio a Rui Pinto, cujo processo decorre agora em tribunal.

Carla Bernardino com Lusa