Quase 140 atletas olímpicas femininas homenageadas em Matosinhos

Aniversario de AACP
Celebração dos 20º aniversário da Associação de Atletas Olímpicos Português, no terminal de Passageiros de Leixões [Fotografia: Amin Chaar / Global Imagens]

A Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP) homenageou no sábado, 8 de julho, em Matosinhos, 137 atletas olímpicas femininas que o Presidente da República considera “verdadeiras inspirações”.

“Nós chamamos-lhes as bravas do pelotão”, frisou o presidente da AAOP, Luís Monteiro, em declarações prestadas à agência Lusa momentos antes da homenagem, no novo terminal de cruzeiros do Porto de Leixões, em Matosinhos.

A cerimónia serviu também para celebrar os 20 anos da AAOP, que aquele dirigente diz ter “para cima de 400 atletas filiados num universo de 800” que disputaram Jogos Olímpicos, como sucedeu com o próprio Luís Monteiro, no pentatlo moderno.

Estiveram presentes atletas de diversas modalidades. O presidente da AAOP destacou Joaquim Granger, que compareceu apesar dos seus 95 anos e competiu em oito eventos nos Jogos de 1952, em Helsínquia, na Finlândia, os primeiros onde participaram pela primeira vez atletas femininas portuguesas.

Fernanda Ribeiro, campeã olímpica dos 10.000 metros nos Jogos de 1992, em Atlanta, nos Estados Unidos, elogiou a iniciativa da AAOP. “É sempre bom sermos homenageados”, disse à Lusa, referindo que “o país só se lembra dos atletas quando há Jogos ou grandes campeonatos”.

Num rápido olhar sobre o estado atual do atletismo português, Fernanda Ribeiro, a terceira atleta portuguesa a ganhar uma medalha de ouro olímpica depois de Carlos Lopes e Rosa Mota, considera que “o meio-fundo nacional está mal”.

“Talvez fôssemos atletas que vínhamos de meios com mais dificuldades. Os fundistas eram quase todos de aldeias e tivemos de lutar muito. O que tenho foi com o atletismo e como eu o Carlos Lopes e outros. Lutámos mais”, destacou.

Fernanda Ribeiro recordou que “com 12 anos” ia de Penafiel, onde nasceu e vivia, para o Porto de comboio, “numa viagem de uma hora e meia”, treinava no CDUP e “se o autocarro tardava ia a pé até à Estação S. Bento”, noutra zona da cidade, para apanhar aí o comboio de volta.

“Hoje não existe isso. Não quer dizer que os atletas não treinem, mas o sofrimento é diferente”, avalia. Luís Monteiro teve uma palavra especial para Fernanda Ribeiro. “É a mulher portuguesa mais medalhada, uma excelente personalidade e uma mulher humilde que aceita logo os desafios”, afirmou

“Portugal tem 137 atletas olímpicas e cinco foram medalhadas, sendo elas Fernanda Ribeiro (ouro), Rosa Mota (ouro), Patrícia Mamona (prata), Vanessa Fernandes (prata) e Telma Monteiro (bronze)”, lembrou Luís Monteiro.

A homenagem promovida pela AAOP visou dar-lhes visibilidade e dizer que “só como grupo coeso podem ter força negocial” para defender os seus interesses.

“Os atuais atletas sabem que vão entrar no pós-carreira e ter uma associação forte, que vai tratar deles e recebê-los de braços abertos, o que é muito importante, porque poderão beneficiar de protocolos com universidades e empresas em áreas como a empregabilidade e a saúde”, frisou Luís Monteiro.

Ainda para o presidente da AAOP, “um atleta olímpico tem de ser candidato natural ao Comité Olímpico e os atletas olímpicos têm de estar nas federações, nos lugares de destaque e no dirigismo”.

“O que acontece é que o dirigismo fecha-se com os atletas e isso não pode acontecer. Não estamos em luta contra ninguém. Queremos colaborar, mas há um estigma”, criticou.

Numa breve mensagem gravada para esta cerimónia, o Presidente da República referiu-se aos atletas olímpicos como sendo “verdadeiras inspirações para todos os jovens” que querem abraçar uma carreira desportiva.

LUSA