Rainha de Inglaterra atribui Ordem de Mérito a ex-prostituta

A rainha Isabel II concedeu o título de dama, através da atribuição da Ordem de Mérito da Nova Zelândia, a Catherine Healy, uma antiga prostituta e ativista dos direitos das trabalhadoras sexuais, que contribuiu para descriminalizar a prostituição naquele país.

Aos 62 anos, a ativista que, em 1987, fundou o Coletivo de Prostitutas da Nova Zelândia e que ajudou a conceber o projeto Prostitution Reform Act, que, em 2003, deu origem à lei de descriminalização da prostituição, foi reconhecida pelos serviços prestados na defesa dos direitos das mulheres que se prostituem.

Catherine Healy reagiu com “choque” e confessou, em declarações à BBC, que nunca “tinha pensado que fosse possível” receber aquele tipo de distinção.

“É indicativo de uma mudança na atitude das pessoas e é muito bom sentir esse apoio”, explicou a ativista, que antes de ter passado pela prostituição, trabalhou como professora primária.

Distinção divide ativistas

A mudança que Catherine Healy sublinha é assinalada e felicitada por outros ativistas que defendem a descriminalização e enquadramento legal da prostituição, como o Comité Internacional para os Direitos dos Trabalhadores Sexuais na Europa.

“O estigma e a criminalização [da prostituição] criam um ambiente de impunidade no qual a violência e a exploração florescem”, afirma Luca Stevenson, da organização, à Thomson Reuters Foundation, acrescentando que, com esse enquadramento legal, os “trabalhadores sexuais, mesmo os mais estigmatizados, podem falar por si próprios”

Opinião diferente têm ativistas que defendem a abolição da prostituição, como Rachel Moran, autora do livro biográfico ‘Paid For’, que conta como durante anos foi “prostituída” – expressão da própria – nas ruas de Dublin.

Para Rachel Moran, a distinção é “uma bofetada na cara das mulheres em toda a parte” do mundo, contrapondo, ao mesmo meio de comunicação, que é a descriminalização que aumenta a violência contra as mulheres e facilita a exploração e o tráfico sexual.

Veja, na fotogaleria, os diferentes modelos de enquadramento da prostituição.

Imagem de destaque: DR/Youtube

Juventude Socialista apresenta três modelos para regulamentar a prostituição