Antes de começar a ler este artigo, nada mais importante do que responder à pergunta: Tira mais de três selfies por dia? E dessas, quantas publica nas redes sociais? Agora que já respondeu mentalmente à pergunta, tem mesmo de ler o resto…
Porquê? Porque estar e ser adicto de selfies parece ser prenúncio de um transtorno mental e quem o diz são os especialistas. Estes defendem que as pessoas que se sentem, inconscientemente, compelidas a tirar e publicar continuadamente imagens suas nas redes sociais podem mesmo precisar de ajuda. O problema até já tem nome oficial: ‘selfitis’
Os investigadores da Universidade de Nottingham Trent e a Escola de Administração Thiagarajar, na Índia, decidiram olhar com maior detalhe para esta realidade no país com mais utilizadores de Facebook (o segundo mais populoso do mundo) e com maior registo de mortos aquando do momento de tirar uma selfie em lugares perigosos. Este ano, 30 pessoas morreram naquelas circunstâncias e 14 desses acidentes foram registados na Índia.
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Aquela investigação confirmou que a selfities existe mesmo, definindo uma Escala de Comportamento semelhante à do Autismo e que pode ser utilizada para avaliar a gravidade da dependência.
Mark Griffiths, professor de dependências do comportamento no Departamento de Psicologia de Nottingham Trent, é um dos autores – a par do indiano Janarthanan Balakrishnan – daquele mapa comportamental definido na Índia. Segundo a investigação, numa primeira fase foram ouvidos, em esquema de focus group, 200 alunos para estabelecer os itens da doença. Mais tarde, esses mesmos pressupostos foram submetidos a 400 estudantes indianos.
Assim, se numa primeira fase foram encontradas cerca de duas dezenas de frases como “sinto-me mais popular quando publico selfies no Facebook”, “Consigo reduzir o meu nível de stress quando publico imagens” ou “quando não tiro selfies, sinto que não faço parte do grupo”. A segunda fase do estudo consistiu em perceber reações junto das quatro centenas de alunos.
A escala de reação determinada pelos investigadores vai de 0 a 100 e consiste, então, na determinação de fatores que impulsionam a autoestima. Os autores concluíram que não se trata apenas de um comportamento normal, havendo inclusivamente margem para o transtorno psiquiátrico. De sublinhar que o estudo ressalva que 90% dos inquiridos tinha menos de 25 anos, não pretendendo, por isso, ser uma pesquisa representativa de toda a população.
Há três níveis de doença!
A investigação – intitulada Estudo Exploratório de Selfitis e Desenvolvimento de uma Escala de Comportamento (An Exploratory Study of Selfitis and the Development of the Selfitis Behavior Scale, no original) – foi publicada na revista Internacional de Saúde Mental e Dependências e conclui que há três níveis de ‘selfitis’: o de risco, agudo e crónico.
O primeiro diz respeito aos que tiram fotos a si próprios três vezes por dia, mas não as colocam nas redes sociais, já o segundo aplica-se aos que se fotografam pelo menos três vezes por dia e postam cada uma nas plataformas de social media. Por fim, estão os que revelam ter um impulso descontrolado para a prática durante o tempo e publicam as imagens mais de seis vezes por dia.
A procura de atenção, a carência de afeto e falta de confiança própria são ingredientes que potenciam o desenvolvimento deste transtorno, segundo revelam os pesquisadores. Estes dizem ainda que este tipo de prática é posta em marcha por aqueles que acreditam que, com esta opção, conseguem elevar-se na sua posição social e sentem, com isso, pertencer a um grupo.
A designação selfitis surgiu, pela primeira vez em 2014 e para designar uma propensão obsessiva para tirar fotos e si próprios. Na altura, foi considerada uma notícia falsa uma vez que a Associação de Psiquiatria norte-americana não tinha catalogado tal comportamento como um transtorno. Os professores Griffiths e Balakrishnan consideraram, por sua vez, que era necessário investigar e tomaram a dianteira. Os resultados foram conhecidos agora.
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