Transplante de fluidos vaginais pode ajudar a combater infeções bacterianas, diz estudo

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O estudo é recente e revela ser um primeiro passo, mas indica a possibilidade de o transplante de fluídos vaginais saudáveis em mulheres com propensão para infeções bacterianas severas poderem vir a ser uma solução para resolver aqueles problemas ginecológicos.

Estima-se que a vaginose bacteriana (VB) afete um terço das mulheres em idade reprodutiva e resulte, segundo documentação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), “da substituição da flora vaginal normal por maiores concentrações de bactérias anaeróbias”. E se inicialmente tal possa não ser um problema de carácter grave, certo é que a presença da infeção pode incrementar o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, complicações em grávidas e problemas de auto-estima, uma vez que este fluído pode ter cheiro intenso.

No texto em que se apresenta esta investigação exploratória, no jornal Nature Medicine (que pode ser consultado no original aqui), e citado pelo britânico The Guardian, os investigadores falam em “transplante de fluidos vaginais de dadoras saudáveis como terapêutica alternativa a mulheres que sofrem de BV crónica, incurável e recorrente”. Ou seja, uma cura feita através da transplantação de fluídos vaginais com uma coleção de micróbios “saudáveis”.

“Ao introduzir esta nova abordagem terapêutica, esperamos que tal possa significar um passo mais próximo no sentido de apresentar uma solução comportável para vários milhões de mulheres um pouco por todo o mundo que sofrem com este problema”, declarou Eran Elinav, professor e co-autor do estudo levado a cabo pelo Instituto de Ciência Weizmann Institute , de Israel.

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Os testes estão a ser levados a cabo junto de cinco mulheres com idades compreendidas entre os 27 e os 47 anos, todas com BV recorrente e tendo sido sucessivamente sujeitas a múltiplos antibióticos. Medicamentos que, claro, deixaram de tomar assim que passaram a ser integradas nesta investigação. Quanto às dadoras, a equipa refere a existência de três mulheres saudáveis, cujas amostras são recolhidas, monitorizadas e, mediante a capacidade verificada, transplantadas. Os resultados iniciais apontam para quatro amostras que indicam resultados positivos a longo prazo.

Citado pelo The Guardian, Phil Bennett, professor de ginecologia e obstetrícia, do Imperial College e que não está envolvido no estudo, crê que é importante explorar como compatibilizar dadoras e recetoras, verificar o predomínio de bactérias e fatores étnicos e quais os pacientes que podem beneficiar desta terapêutica.

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Segundo com a Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), a VB manifesta-se por “leucorreia (corrimento vaginal espesso) abundante, branca-acinzentada, fluida de cheiro fétido, que se exacerba após o coito e menstruação. A inflamação vaginal é rara”.

Em metade das mulheres, os casos são, segundo a mesma entidade, “assintomáticos”, mas é importante estar atenta. De acordo com a SPG, “não é clara a sua transmissão por via sexual, é rara em mulheres sem atividade sexual”. Já na gravidez, “ está associada a complicações nomeadamente: rotura prematura de membranas, ameaça de parto prematuro, parto pré termo e endometrite pós parto, pós aborto”.

Imagem de destaque: Shutterstock

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