Os números impressionam mesmo! Segundo um estudo da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), quase todas as estudantes universitárias (94,1%) foram alvo de assédio sexual e mais de 1/5 das inquiridas (21,7%) foi alvo de coerção sexual.
Ainda mais impressionante é o facto de 12,3% ter afirmado que tinha sido violada. Falamos, claramente, uma em cada oito estudantes. Quando olhamos para as tentativas de violação, as percentagens sobem para os 14,4%.
Estas conclusões resultam de um estudo realizado pela UMAR Coimbra em torno da violência em contexto académico e junto de 518 inquiridas, entre junho e julho de 2017, através de um questionário “disseminado ‘online'”.
Quanto à distribuição dos respondentes, 79% são mulheres, 85,5% na faixa etária entre os 17 e os 34 anos e a grande maioria frequentou ou frequenta a Universidade de Coimbra (77,8%).
Ora, contas feitas e recuando, tal quer dizer que foram inquiridas 409 mulheres, das quais 51 terão reportado violação.
Namorados, docentes, superiores e colegas entre os atacantes
Cerca de um terço das mulheres que responderam ao inquérito da UMAR referiram que já foram vítimas de ‘stalking’ (perseguição) e cerca de metade já tiveram contacto sexual não consentido, revela a nota de imprensa da organização enviada à agência Lusa.
Questionadas sobre a perceção de segurança em espaço público, 53% das mulheres elegeram como principal receio para andarem sozinhas na rua o medo de sofrerem “um ataque sexual”, enquanto os homens que responderam identificaram como “principais motivos o receio de sofrer um assalto”.
“Em todas as categorias de experiências sexuais indesejadas analisadas, a grande maioria das mulheres inquiridas reportou ter sofrido estes comportamentos por parte de indivíduos do género masculino, nomeadamente parceiros íntimos, ex-parceiros íntimos, docentes, conhecidos e superiores hierárquicos ou colegas“, refere a UMAR, na nota de imprensa.
A organização sublinha que, “nos últimos anos, foram identificadas, formal e informalmente, várias situações de violência sexual e assédio sexual entre pares no contexto académico”, sendo que “continua a não existir uma noção real da prevalência da violência sexual e do assédio sexual no meio académico em Coimbra”.
O estudo realizado pela UMAR Coimbra, no âmbito do projeto CAMI – Capacitar para Melhor Intervir Localmente, será apresentado esta quarta-feira, 23 de maio, na íntegra a partir das 18:00 horas, no anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
CB com Lusa
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Direito da mulher a divertir-se ainda é visto como incitamento à violência sexual