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União Europeia define plano de ação para pôr fim à desigualdade salarial

Percorra a galeria e fique a saber, em concreto, o que é que a União Europeia se propõe a fazer e a mudar em matéria de igualdade salarial. Medidas estabelecidas num novo plano de ação para 2018-2019 [Fotografias: Shutterstock]
1. Melhorar a aplicação do princípio da igualdade salarial: A prioridade recai sobre a necessidade de elaborar medidas que promovam a transparência seja por via da possibilidade de os trabalhadores requererem informação, seja pela divulgação dos patamares e respetivos salários, seja pela clarificação do que é trabalho de valor igual. O objetivo passa também por definir sanções e compensações para as vítimas, ter penas mínimas a aplicar mediante quebra do princípio da igualdade salarial. [Fotografia: Greg Brave/Shutterstock]
Ainda o âmbito desta primeira medida, a Comissão Europeia quer pôr fim à disparidade nas reformas – e mesmo nos seguros -, pondo em prática o que o Tribunal de Justiça já sentenciou como ilegal (devido à diferença da esperança de vida estatística, as mulheres recebem uma pensão mensal menor porque, em média, vivem mais tempo, o que contribui para o aumento do fosso). Ainda neste capítulo, a Comissão Europeia quer, além de manter a rede que já vigora, dotar as entidades reguladoras de mais poderes para monitorizar e sancionar práticas ilegais.
2. Combater a segregação nas profissões e nos setores: A Comissão deverá apoiar projetos transnacionais, por via do Programa para os Direitos, Igualdade e Cidadania 2014-2020 (REC), que combatam a segregação e os estereótipos na educação, formação e no mercado de trabalho. Promover a regular partilha de experiências em torno de boas práticas na inovação, na inclusão, na diversidade, levadas a cabo por empresas, pôr em marcha iniciativas particulares em vários setores com o propósito de erradicar estereótipos em torno das competências, talentos e papéis das mulheres face aos homens.
Sob égide do combate à segregação, a Comissão quer atualizar os estudos sobre as mulheres, continuar a dar destaque às conquistas delas em áreas como a ciência ou como as tecnologias. Manter a publicação de relatórios sobre estas matérias e incrementar as parcerias com estudos escolares.
3. Lutar contra a discriminação vertical: Trabalhar na adoção da diretiva da Comissão relativa à melhoria do equilíbrio de género entre os conselheiros das empresas cotadas em Bolsa. A proposta estabelece objetivos quantitativos para os Estados-Membros e salienta a importância de os conselhos que definem critérios de seleção transparentes para os candidatos.
Financiar projetos estatais, sociais e educativos que promovam a igualdade vertical é outro dos pontos que integra este terceiro pilar do plano de ação. Nele, fica também estabelecida a necessidade de encorajar os governos e reguladores a adotar e verificar estratégias para implementar medidas concretas. Ao mesmo tempo, é preciso pôr em marcha o plano para o equilíbrio da vida profissional e familiar, promovendo a igualdade e partilha de responsabilidades entre homens e mulheres, motivando-as, assim, a chegarem aos topos de carreira.
4. Combater o peso unilateral dos cuidados familiares: Apesar de as mulheres saírem com maiores qualificações das escolas, elas ainda auferem menos que eles. Muito deste diferencial decorre daquilo que se pode chamar como a sanção da maternidade, uma vez que são as mulheres que, na sua maior percentagem, põem a profissão em suspenso para se dedicarem aos cuidados familiares. Por isso, o equilíbrio laboral-familiar é condição pré-existente para incrementar a capacitação económica das mulheres e eliminar as barreiras existentes. A Comissão deve encetar esforços no sentido de uma rápida adoção da diretiva sobre o equilíbrio entre o trabalho e a vida dos pais e prestadores de cuidados a familiares.
5. Valorizar competências, esforços e responsabilidades femininos: Trabalhar no sentido de melhorar o reconhecimento de capacidades em todos os setores, incluindo os que já são dominados por mulheres, em formações que promovam a neutralidade do género. É ainda necessário prestar especial atenção ao estabelecimento de atividades de aprendizagem mútuas nos cargos de topo. Aumentar a consciencialização em torno dos sistemas de classificação de emprego neutros em termos de género para garantir a igualdade de remuneração na prática. A Comissão publicará e divulgará, em 2018, um guia atualizado sobre esta questão.
6. Desvendar desigualdades e estereótipos: Continuar a publicar relatórios em torno da desigualdade salarial, ganhos e pensões na Europa. A juntar as relatórios anuais existentes, este plano que agora está a ser anunciado será acompanhado de estudos evolutivos. Incluir um capítulo em torno da perspetiva de reformas no Relatório de Pensões 2018.
7. Alertar e informar sobre a disparidade: atualizar e divulgar anualmente dados específicos por país sobre esta matéria. Publicar e divulgar, no próximo ano, um guia atualizado sobre as melhores práticas empreendidas pelos estados membros e sobre a jurisprudência criada em torno do princípio da igualdade de remuneração.
8. Melhorar as parcerias para combater a diferença salarial entre homens e mulheres: A palavra-chave nesta medida é “mútuo”. Ou seja, a Comissão quer organizar seminários de aprendizagem mútua para os representantes governamentais sobre as diferenças de remuneração e pensões, entre parceiros sociais, empresas e outras partes interessadas, para enfrentar as disparidades salariais. Esta medida compreende ainda a alocação de apoio financeiro aos Estados-Membros dispostos a reduzir as desigualdades.

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Nove em cada dez europeus crê que a promoção da igualdade de género é importante para eles mesmos, para a sociedade e para a economia. Por outro lado, se 90% dos europeus diz que não é aceitável que as mulheres aufiram menos, 64% são a favor da transparência salarial como caminho para pôr termo à esta disparidade.

No dia em que o Eurostat vem dizer que os homens ganham, em Portugal, mais 17,8% do que as mulheres, acima da disparidade salarial média na União Europeia (UE 16,3%), esta entidade anuncia um plano de ação a dois anos, até 2019, com o propósito de encurtar distâncias em matérias de rendimentos.


Leia mais sobre direitos, Europa e retrocessos na entrevista que a eurodeputada Marisa Matias concedeu ao Delas.pt


Esta segunda-feira, a Comissão Europeia anunciou um conjunto de oito medidas concretas – que pode ficar a conhecer ao detalhe, na galeria acima – para pôr fim à desigualdade entre homens e mulheres nos estados-membros. Propostas para serem escutadas e desenvolvidas no Parlamento Europeu, mas também pelos estados-membros.

Na verdade e a nível europeu, as mulheres auferem, em média, menos 16,3% do que os homens e a disparidade não tem diminuído nos últimos anos. Segundo o comunicado da Comissão Europeia divulgado esta segunda-feira, 20 de novembro, “tal deve-se ao facto de elas estarem mais desempregadas, operam nos setores menos bem pagos, recebem menos promoções, têm de fazer interrupções na carreira e executam mais trabalho não remunerado.

“As mulheres continuam a estar sub-representadas nos cargos de chefia, tanto na política como nas empresas“, disse a comissária Justiça, Consumidores e Igualdade de Género, Vera Jourová.

A comissária acrescentou que “as disparidades salariais entre homens e mulheres devem acabar porque a independência económica das mulheres é a sua melhor proteção contra a violência“.

Imagem de destaque: Shutterstock